Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

A Tugalidade no seu melhor

 Todos gostamos muito de Portugal. Somos muito patriotas, quase cada um à sua maneira. Uns porque nos acham uma Nação divinamente protegida, porque na batalha de Ourique, Nosso Senhor Jesus Cristo ajudou D. Afonso Henriques a vencer o inimigo mouro, outros porque se orgulham e com razão de os portugueses terem dado novos mundos ao mundo, outros porque o melhor jogador da bola é português, enfim, e por aí além que o campo é curto.

Seja como for, apesar de tudo, não nos faltam motivos de orgulho pela Pátria que nos legaram e que nos cabe manter no rumo certo para na nossa vez a legarmos aos nossos filhos e netos. Coisa certa, é que visto de fora, Portugal quase de certeza que é motivo de admiração. Tem excelentes paisagens, boa comida, bom vinho, gente simpática e essencialmente calma e paz, algo hoje em dia tão necessário e a escassear.

Fim da Terra no continente Europeu e com o imenso mar pela frente, ao longo dos séculos lá foi indo cantando e rindo, no ora desenrasca aqui, ora desenrasca ali. Sempre nos faltou o saber planear, o agir com tempo e medida.

Apesar de fortemente agricultores, nunca aprendemos que antes se semeia e depois se colhe. Aviamo-nos, desviamos, colhemos a fruta ainda verde, abotoamo-nos e gastamos.

No nosso andar chegamos à segunda metade do século XX com mais de metade da população analfabeta, e com elites no sentido dos mais privilegiados, com mentes que eram tudo menos abertas.

Depois fizemos uma revolução primaveril e demos um salto. No entanto, falta-nos a sustentabilidade das coisas que é dada pela Educação, pelo Conhecimento e pela Cultura.

Não conseguimos estabelecer uma Classe Média, o motor de todas as sociedades como ensinam os especialistas da Economia, da Política e da Sociologia. No fundo, crescemos, mas não medramos por mingua de substrato na raiz. Só deitamos folha. Vistosa, mas mera verdura que reluz com as cores ao gosto de cada qual.

Tivemos a primeira grande oportunidade quando fomos senhores de metade do globo terrestre, mas deixamos que as riquezas fossem aproveitadas por outros mais objetivos e menos vaidosos.

Depois tivemos a segunda grande oportunidade quando por adesão à União Europeia recebemos dinheiro de extravasar a mais funda carteira, mas que em grande parte se esfumou sem deixar rasto a não ser o das autoestradas, porque por força das circunstâncias da democracia tivemos ao leme gente que nada teme, mas a quem sempre faltou grandiosidade e visão. Uns pacóvios.

Naquele tempo, pelos anos oitenta e noventa, os tugas sem subirem à gávea, desfraldaram as velas e gastaram. Derreteram milhões como se fossem tostões, e boa parte do efeito de transformação, foi pela água abaixo para mal dos nossos pecados e do nosso futuro como país mais justo e equilibrado.

Depois, ou antes agora, veio uma pandemia que tudo parou e tudo parecia ir mudar. Mas não mudou. Estamos exatamente na mesma para não dizer pior ou que para lá vamos.

A caminho já vêm muitos e muitos milhões como ajuda financeira. Será a nossa última oportunidade de afirmação como país sustentável e evoluído, mas já se notam os riscos de fugas no rego feito caudal de euros. Todos estão com os braços no ar para que lhe calhe a vez ou lhes chovam em cima muitos pingos do aguaceiro.

Portugal parece o Titanic a afundar-se enquanto a orquestra toca, para não dizer rufa, para se não ouvir o ruído. Perante o icebergue, os conquistadores das simpatias e das cruzes nos votos, dizem ter na mão picadores de gelo ou amigos diretos do homem que tem o saco onde eles se guardam.

Falam como se a distribuição do manancial vier a ser feita a bel-prazer e pelos lindos olhos e ninguém se indigna. Já começou a caça às notas de euro que voam e vão esvoaçar. De novo sem o devido planeamento, sem o devido discernimento, mas com muito contentamento.

É a Tugalidade no seu melhor. Depois, logo se há-de ver.

Manuel Igreja

Sem comentários:

Enviar um comentário