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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Networking Event "E se o urso-pardo voltar?" reúne especialistas ibéricos para debater futuro transfronteiriço da espécie

 Nos dias 28 e 29 de outubro de 2021, vai realizar-se, na cidade de Bragança, o Networking Event "E se o urso-pardo voltar?" Um evento ibérico que tem como principal objetivo antecipar aquele que poderá ser um dos grandes desafios de conservação da natureza em Portugal: o potencial regresso do urso-pardo ao norte do país e a sua coexistência com o ser humano.

Urso-pardo. Fotografia DR.

O evento é coorganizado pela ONG de Ambiente Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, em conjunto com a Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o Município de Bragança (MB) e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), e apoiado pela iniciativa “Natura 2000 Biogeographical Process” da Comissão Europeia. Vai reunir parceiros e especialistas ibéricos com grande experiência na gestão e conservação do urso-pardo, com vista a criar as fundações para futuras ações de conservação do urso-pardo em Portugal, a promover a articulação com Espanha numa abordagem ibérica à conservação desta espécie e encorajar a cooperação transfronteiriça e a partilha de conhecimento.

O evento é direcionado para especialistas e atores locais, estando a participação sujeita a convite prévio. Contudo, no dia 28 de outubro, estará aberto à participação do público em geral durante as comunicações orais, através da Internet, com inscrição gratuita, mas obrigatória no sítio do evento.

Em debate, estarão temas como a história do urso-pardo em Portugal, ecologia e comportamento desta espécie e a sua conservação, nomeadamente no que respeita à gestão do seu habitat e à interação com as comunidades humanas. Serão ainda discutidas as questões socioeconómicas decorrentes do eventual ressurgimento do urso-pardo em Portugal, assim como o papel do planeamento e da gestão pública na conservação da espécie.

A abertura do evento conta com a presença do Secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino, e o encerramento ficará a cargo do presidente do ICNF, Nuno Banza.

"O potencial regresso do urso-pardo a Portugal lança grandes desafios aos diferentes agentes de conservação da natureza, pelo que antecipar o debate sobre este tema entre especialistas, atores locais, instituições académicas e autoridades nacionais é fundamental para estarmos todos mais preparados para garantir uma abordagem mais fundamentada, abrangente e transfronteiriça no que se refere a futuras ações de proteção desta espécie no país, se o seu retorno se vier a tornar uma realidade", refere José Pereira, presidente da Palombar.

“Em 2019, fomos todos surpreendidos pela passagem de um urso-pardo, junto à raia nordestina de Portugal, o que, inegavelmente, captou o interesse nacional e das comunidades locais, mas também dos investigadores da área da biodiversidade. Foi, assim, confirmada a presença de urso-pardo no Parque Natural de Montesinho. Em 2021, e por via da iniciativa da Palombar e de outras entidades, entre as quais o ICNF, autoridade nacional para a conservação da natureza e biodiversidade, surge, com muito sentido de oportunidade e pertinência, este momento de partilha de conhecimento científico sobre esta espécie. Certamente que, aprendendo com as experiências apresentadas no decurso deste evento, será possível estudar e delinear mais adequadamente futuros cenários de atuação para esta complexa matéria, sempre em parceria com todos os parceiros presentes nos territórios em que o urso-pardo poderá voltar a estar presente", afirma João Paulo Catarino, Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território.

“Em 2019, o ICNF seguiu e noticiou a passagem de um urso-pardo junto à raia nordestina de Portugal. Acompanharemos agora com atenção a partilha de conhecimento e experiências entre especialistas, e o envolvimento de atores locais neste evento dedicado ao urso-pardo, com vista a debater linhas de atuação perante diferentes cenários”, destaca Nuno Banza, presidente do ICNF.

"O avistamento e a passagem do urso-pardo por Bragança constituiu-se como um marco importante para este território, pelo que o debate desta temática é essencial, no sentido de haver uma preparação na forma de agir e de estar perante a forte possibilidade de este acontecimento se poder repetir com frequência", sublinha Hernâni Dias, presidente do Município de Bragança.

Já o presidente do IPB, Orlando Rodrigues, considera que "este evento é inovador e da maior relevância para a conservação e desenvolvimento das regiões de montanha, evidenciando a capacidade de iniciativa das suas instituições”.

Porque debater o possível regresso do urso-pardo e elaborar os pilares para futuras ações de conservação da espécie em Portugal?

O urso-pardo (Ursus arctos) está considerado extinto em Portugal desde a primeira metade do século XIX. Nos últimos 150 anos, a sociedade portuguesa deixou de estar familiarizada com a presença do urso-pardo no seu habitat natural. Atualmente, já não há memória coletiva deste grande mamífero e de como as pessoas interagiam com esta espécie, não obstante poderem ainda ser encontradas manifestações dessa interação no património construído, como muros de pedra desenhados para impedir o ataque de ursos a colmeias, que se mantêm como testemunho dos tempos em que humanos e ursos coexistiram.

No entanto, um estudo europeu de 2018 intitulado “Up‐scaling local‐habitat models for large‐scale conservation: Assessing suitable areas for the Brown Bear comeback in Europe” e publicado na revista Diversity and Distributions, indica que o norte de Portugal tem áreas com habitat adequado para a recolonização pelo urso-pardo, designadamente as Zonas Especiais de Conservação (ZEC) da Peneda/Gerês e de Montesinho/Nogueira.

Estas áreas da Rede Natura 2000 em Portugal fazem fronteira com o território espanhol, onde a população de urso-pardo cantábrica, especialmente a subpopulação ocidental, tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos. Adicionalmente, ursos-pardos dispersantes têm vindo a ser detetados perto da fronteira portuguesa a nordeste e, na primavera de 2019, foi detetada e geneticamente confirmada a presença ocasional de um urso-pardo macho na ZEC de Montesinho/Nogueira. É este contexto que fundamenta a realização deste Networking Event transfronteiriço.

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