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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 20 de abril de 2014

Idosos fazem folares como antigamente

São nove e meia da manhã. Um grupo de 45 idosos concentra-se à volta de um forno em Penafria, Carrazeda de Ansiães. Vão fazer folares e bolinhos económicos como antigamente.
A iniciativa é dos Centros Sociais e Paroquiais de Mogos, Fontelonga, Vilarinho da Castanheira, Lavandeira e Pombal de Ansiães para recordar uma atividade em que todos participavam noutras Páscoas e Pascoelas. Fosse a produzir... ou a comer.
As funcionárias das cinco instituições também foram. Para ajudar. "Há muitos idosos que já não estão em condições de fazerem esforços, por isso só vieram ver e recordar", explica Alexandra Rodrigues, diretora técnica do Centro Social e Paroquial de Mogos.
São idosos com idades entre 65 e 89 anos. Eles vão buscar a lenha e aquecem o forno. É o caso de João Trigo, de 81 anos, há dois no Lar dos Mogos. "Se eu não fosse nem sabiam fazer uma fogueira", sorri o idoso, bem animado, homem capaz de "acender uma fogueira, compor uma parede, rachar lenha e jogar à luta, se for preciso".
As mulheres preparam a massa. "Há quem esteja sempre a dar dicas: É preciso pôr mais azeite, é preciso amassar melhor, entre outras", adianta Alexandra Rodrigues.
Aurora Celeste, 88 anos, de Vilarinho da Castanheira, já não tem a cabeça de outros tempos, mas ainda tem força e genica nos braços para amassar. "Sempre fui forneira. Já me passaram muitos e muitos folares e pães pelas mãos. Eram canastras e canastras deles". No fim da Páscoa era um "grande cansaço". Mas tinha de ser. "A gente tinha de o ganhar, não era"!
Lucinda Morais, de 89, ensinou "toda a Lavandeira", em cujo lar reside, a cozer pão, folares e tudo o resto. Sempre teve empregadas para dar conta do recado e era "pelas mãos delas" que ela comia. Ou seja, recebia a poia (uma parte da produção final, neste caso um pão em cada 15). "Elas davam-me o que entendiam, mas eram muito sérias".
Do seu forno, que chegou a ser único na aldeia, já pouco resta. Há 20 anos que não funciona e foi-se degradando. Muitos dos utensílios com que preparava o pão, foram já cedidos ao Museu Rural de Vilarinho da Castanheira.
Maria do Céu Venâncio, 82 anos, e José Correia, 77, são os donos da casa do forno da Penafria. Tem "uma história de 300 anos" e nos últimos anos foi sujeito a obras de recuperação. "Cozemos uns 25 pães grandes de 15 em 15 dias para toda a família", dizem.
Noutros tempos também o emprestavam a outras pessoas da Penafria e de outras localidades vizinhas. "E coziam de graça. Nunca levamos dinheiro a ninguém. Às vezes ainda se serviam da nossa lenha", sorri José, que recorda com graça a resposta dos prevaricadores: "Deixe lá, a gente queima a sua lenha, mas fica-lhe cá a cinza".
Os 250 bolos económicos e os 60 folares produzidos nesta iniciativa foram comidos durante um lanche no final da jornada de trabalho, mas não antes de todos irem à missa. O que restou foi dividido pelos cinco centros sociais e paroquiais.

in:jn.pt

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