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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O poeta marginalizado

Faz hoje (17-1-2016) 21 anos que morreu. Coube-me, há 21 anos atrás, enquanto jornalista, fazer a cobertura do funeral na pequena aldeia transmontana. Na porta do cemitério, à viúva, entre os gestos e palavras de conforto que a rodeavam, alguém perguntava: “Como acha que Miguel Torga desejaria ser recordado?”. A resposta foi apenas: “Leiam-no e estudem-no nas escolas”.

Um apelo que parecia então escusado. Todos nós, que nos fizemos gente antes desses 21 anos, crescemos dentro dos seus versos. Mas tinha razão a viúva de Torga. Mal o poeta fechou os olhos, o seu nome foi caindo no esquecimento. À popularidade de que usufruía em vida, observador interventivo que era, depressa se tornou no escritor “mal-amado”, praticamente retirado do universo escolar. O seu teatro e a sua poesia já não moram nos manuais. Alguns dos seus versos apenas têm tímidas e diluídas aparições em obscuras “metas” de aprendizagem sem explícito empenho na sua leitura. O compadrio das elites ditou-lhe o obscurecimento mediático quando entrou na moda um snobismo cultural que se agarra às frivolidades das grandes urbes, atirando para a valeta tudo o que soa a etnicidade, a rural, a provinciano. Miguel Torga pagou caro por isso. O seu nome soçobrou no emaranhado de corporações que se movem no reino da cultura em Portugal. Que vozes se ergueram quando o seu nome foi ignorado na famosa obra Século de Ouro - Antologia crítica da poesia portuguesa do século XX, organizada em torno das escolhas de 73 ensaístas da nossa melhor linhagem intelectual?

Resta-nos a nós, transmontanos, continuar a honrá-lo como ícone maior da nossa identidade e da nossa cultura.

Alexandre Parafita
in:diariodetrasosmontes.com

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