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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 22 de janeiro de 2017

A EDP quer casar a energia hídrica com a solar em Trás-os-Montes

Projecto-piloto com painéis fotovoltaicos flutuantes na barragem do Alto Rabagão, perto de Montalegre, visa combinar a produção da energia hídroeléctrica com a energia solar.
A EDP está a produzir energia eléctrica solar em Trás-os-Montes, na barragem do Alto Rabagão, desde o final de Novembro. O facto não seria invulgar, não fosse o caso de os 840 painéis fotovoltaicos estarem assentes numa plataforma flutuante de 2500 metros quadrados. Vista de longe, do muro da barragem, a estrutura faz lembrar uma gigantesca peça de lego a boiar sobre a mancha azul.

Mas não há que enganar, a plataforma do primeiro projecto-piloto europeu que quer combinar produção hidroeléctrica e produção fotovoltaica está presa, e bem presa, ao solo granítico da barragem com oito pontos de ancoragem. Foram precisos dois meses de obra e 13 empresas (sendo a fornecedora principal a francesa Ciel & Terre) para que ganhasse forma este investimento de 450 mil euros, que começou a ser pensado em meados de 2015.

Quem olha para a aparente placidez da albufeira num dia atípico de Inverno naquelas paragens, com sol brilhante e sem vislumbre de nuvens no céu, nem suspeita que foi escolhida como local de teste por ter condições das mais adversas entre todas as albufeiras da EDP: profundidade de 60 metros nas zonas mais fundas, oscilações de 30 metros no nível da albufeira, ventos muito fortes e ondulações que podem chegar a um metro. “O Alto Rabagão foi escolhido porque do ponto de vista técnico é o mais desafiante; se funcionar aqui, funciona em qualquer albufeira”, afirmou o director da EDP Produção que coordena o projecto, Miguel Patena, num encontro com jornalistas.

E isso também pode significar cruzar o Atlântico. Segundo Patena, a EDP concluiu que “era muito fácil” chegar aos 200 megawatts (MW) de capacidade no Brasil, “porque as albufeiras são gigantescas, com condições melhores do ponto de vista técnico” e o efeito escala faz diluir os custos mais pesados, que são os da amarração. Porém, antes sequer de pensar na extensão do modelo a outras barragens em Portugal ou na sua exportação, será preciso demonstrar a viabilidade técnica e económica.

Miguel Patena explicou que os parques solares flutuantes não são novidade e ganharam grande fôlego no rescaldo do desastre de Fukushima, precisamente porque no Japão a concorrência pelos terrenos é grande e havia a vantagem de serem instalados em reservatórios de água potável onde, ao fazerem sombra, também reduziam o aparecimento de algas e a evaporação. Além disso, por uma questão de inclinação, as soluções flutuantes, têm a vantagem de serem mais compactas do que as terrestres, ocupando menos espaço para capacidades de produção equivalentes.

Nesta “parceria inédita” entre EDP Produção, EDP Comercial e EDP Renováveis, o que é “novidade” é precisamente a combinação solar/hídrica. “Queremos demonstrar que é possível uma utilização óptima do ponto de vista económico e ambiental da energia solar com a energia hídrica”, diz o director da EDP Produção. “Quando há sol, há energia fotovoltaica e menos hídrica, e quando há chuva, há mais hídrica e menos fotovoltaica, isso é óbvio”, argumenta.

Mais produção
Aproveitando toda a infra-estrutura que já existe na central, e como “os electrões não têm certificado de origem” e para o cliente é irrelevante se vêm do solar ou do hídrico, a empresa procurará definir a solução técnica que permita despachar as duas fontes, sem que uma compita com a outra. Com isso, no futuro, a EDP poderá maximizar o investimento que tem sido feito na hídrica e aumentar o peso de renováveis no seu portefólio, com menor pegada ambiental (porque não é preciso, por exemplo, construir novas linhas para escoar a produção). Trata-se, assim, de uma nova abordagem ao fotovoltaico, que representa apenas 1,5% da produção em Portugal, e onde a EDP só tem a funcionar um parque de 2 MW em Estarreja, ainda a beneficiar de tarifas garantidas.

O piloto, registado como Unidade de Pequena Produção, com capacidade de 220 kilowatts e vida útil de 25 anos, “não é viável”. Ainda assim, a EDP espera conseguir recuperar 60% do investimento com a venda da energia à rede (nos primeiros 15 anos com tarifa fixa de 95 euros/MWh conseguida em leilão e em mercado nos restantes dez).

Com ele, a EDP quer comprovar “durante pelo menos um ano” que o rendimento da produção flutuante é superior “entre 10% a 15%” ao da produção em terra (há mais produção por cada watt instalado na solução flutuante), pelo efeito de arrefecimento dos painéis, o que torna estas soluções mais atractivas do que investimentos idênticos em terra. A empresa está “bastante optimista” face aos valores que foram recolhidos, diz Miguel Patena.

“Todos os ingredientes se combinam e parecem fazer sentido do ponto de vista económico e do ponto de vista ambiental”, agora “é preciso que tudo seja demonstrado”, conclui o coordenador do projecto.

Jornal Público

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