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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 22 de março de 2018

A RAPOZINHA DE GOÍS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Dizem, que não há animais maus. A maldade, é, muitas vezes, forma de defesa.
Todos os bandidos perigosos, têm momentos de ternura. A má conduta, é, em regra, devido à educação, e ao meio em que viveram ou vivem.
Não é verdade, que o cachorro, é, quase sempre, o reflexo do dono? È que o animal, “ copia “, sentimentos e reações, de quem cuida dele.
Tudo isto vem a propósito, do que li, num jornal beirão: “ O Varzeense”, de 15 de Fevereiro, do corrente ano.
Narrava o periódico, que estando em casa, determinada senhora, mencionada apenas com o nome de Maria, ouvira barulho estranho, na varanda de sua casa.
Era ao fim da tarde. Estava já escuro. Abriu a porta, e deparou com uma raposa, que a olhava de olhos mansos.
Como ouvira falar, que andava a rondar, a aldeia, uma raposa inofensiva, a senhora Maria, apiedou-se do animal; e, logo pensou procurar comida, já que os incêndios devastadores das florestas, deixaram-na, provavelmente, sem recursos, para se alimentar.
Dirigiu-se, então. à cozinha, para buscar um bocado de carne.
Aproximou-se, receosa, a rapozinha, e veio comer à sua mão.
Depois… ganhando confiança, entrou em casa, e “jantou”, perante o espanto e receios da gata, que olhava amedrontada para a intrusa, que se portava como um cão.
Ficou a senhora Maria, espantada, quando, afoitamente, passou a mão, levemente, na cabeça. A raposa, como que a agradecer-lhe o “jantar”, pôs-lhe as patas, nas pernas, tal qual, cachorro manso e grato.
Certamente gostaria de ter ficado com ela; cuidando da rapozinha, mas era-lhe impossível. Limitou-se a tirar-lhe uma foto, como recordação da cena comovedora.
Ao contar tudo isso, a senhora Maria, formula um pedido: se virem a rapozinha, não lhe façam mal. Simplesmente dêem-lhe de comer.
Ao ler a notícia, lembrei-me do lobo da Porsiúncula, que todos temiam, e que S. Francisco, dando-lhe de comer e cuidando dele, transformou-se num cãozarrão manso e humilde.
Muitas vezes os animais (e as pessoas) são maus e ariscos, porque não encontraram quem os compreenda, e lhes dê um pouco de carinho.
Como o Mundo se transformaria, se todos espalhassem sorrisos e palavras de amizade, sem o interesse de serem retribuídos!
Todos buscam compreensão e ternura; até a raposa selvagem de Góis, soube agradecer, a quem a recebeu com amizade e amor.


Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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