Região recebe a menor fatia do programa de apoio à redução tarifária dos transportes públicos.
O presidente da Comunidade Intermunicipal Terras e Trás-os-Montes (CIM-TTM) não ficou satisfeito por ver que esta foi a região do país a que foi atribuído o valor mais baixo no programa de apoio à redução tarifária dos transportes públicos. 172 mil euros é quanto os nove municípios que compõem a CIM vão receber este ano para os passes e para a melhoria da rede de transportes públicos. Um valor que contrasta com os cerca de 74 milhões de euros para a área metropolitana de Lisboa. Quando analisado o valor de apoio por passageiro, os transmontanos recebem um terço do valor dos utilizadores de transportes de Lisboa e região envolvente. Ao passo que na área da CIM-TTM o valor por passageiro é de 46,5 euros, na grande Lisboa a comparticipação média por passageiro é de 157 euros. Lisboa consegue assim 70% do total do apoio à redução de passes nos transportes públicos.
“Tem de haver uma discriminação e em vez de ser positiva foi negativa para os territórios de baixa densidade. Achamos que é um mau princípio, porque aquilo que se diz não é aquilo que se faz. Estão a apoiar mais uma vez o litoral, mais uma vez as grandes cidades e núcleos populacionais”, acusa o presidente da CIM, Artur Nunes.
Esta decisão é duplamente penalizadora para a região, na opinião do também autarca de Miranda do Douro, já que devido ao encerramento e concentração de serviços, as pessoas se vêm obrigadas muitas vezes a percorrer grandes distâncias.
“Há uma discriminação negativa relativamente também aos acessos aos serviços porque as pessoas aqui precisam de cada vez mais acesso aos serviços centralizados, como na área da saúde, para os hospitais centrais. Precisávamos de mais dinheiro para aproximar os cidadãos dos serviços, ao termos menos dinheiro para os territórios de interior, onde a desertificação humana é maior, temos um deficit cada vez maior”, referiu.
É mais uma queixa de falta de apoio para o interior, depois de críticas quanto ao Programa Nacional de Investimentos 2030. “Estamos a reivindicar estradas e não nos deram e agora também não nos dão dinheiro para benefício às populações que estão isoladas e que poderiam ter acesso aos serviços centralizados que estão em Bragança”, apontou.
Segundo o responsável, os territórios são duplamente penalizados, já que argumenta que os serviços de transportes em Lisboa “podem ser mais competitivos e são mais rentáveis, qualquer empresa pode ficar em Lisboa, há população”. Artur Nunes diz compreender a necessidade de reduzir o número de carros que entram em Lisboa e nos grandes centros, mas entende que “existem outras oportunidades e não tem de ser o Estado a subsidiar os passes das pessoas para residirem em territórios de densidade populacional elevada”.
Sistema de transportes
Os municípios desta CIM estão a criar um novo sistema de transportes, nomeadamente a pedido. “Estamos a delegar a competência na CIM ao nível da organização de transportes criando uma entidade gestora de transportes e, depois da adesão, da contratação de pessoal e da contratação de uma plataforma de logística de transportes, estamos numa fase de construção do caderno de encargos para lançar o concurso ainda este ano, para que no próximo ano de 2020 tenhamos este sistema de transporte também adequado à região”, explicou Artur Nunes.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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