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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 1 de setembro de 2019

… dói-me este silêncio!

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

… tenho medo que o vento me leve!… dizia a idosa que arrecada noventa anos e memórias nos olhos de penumbra.
Calaram-se os malhos que batiam o trigo na eira dos arcebispos… quando o verão era longo… e as sedes muitas. Calaram-se os jesuítas no seu colégio… e o canto gregoriano… o latim e as humanidades não resistiram à morte da sabedoria… e só os amores clandestinos se purificaram na ausência do pecado.
… doem-me os pregões das peixeiras sempre em festa… a fartura do talhante judeu orgulhoso da sua careca… na alvura dos anos e do longo avental de linho puro… 
… dói-me o vermelho das cerejas… o verde das melancias, das couves pencas e dos feijões… o cheiro a pêssegos maduros… o fulgor das cantaras e bonecos de barro… no esplendor da cacharreira … 
… dói-me o cheiro doce a alheiras assadas… no prenúncio do Natal… doem-me as memórias que ficaram guardadas na seira da mãe que ia à praça para dar de comer aos filhos…
… ficam as pedras de granito, sem alma… para contar uma história que desvalesse nos baços das ausências.
... calaram-se os pregões… fica este silêncio que grita…
… e fico eu numa tarde… em que Bragança me entristece!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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