Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Tentarei hoje descrever aquele que foi o mais constante sentimento que estando comigo sempre ao longo da vida, direi que foi e ainda é, um como que instinto que me leva a, em consciência, estar de bem com Deus e com os homens!
Direi que nunca a inveja, como a pressinto em outros, inquinou o meu coração, nem a ganância foi coisa que tivesse tido em mim qualquer simpatia. A raiva se a senti, deveu-se à constatação de que se praticaram injustiças e prepotências! O ciúme se o senti foi sem razão e sempre o escondi dos outros. A ambição teve sempre a motivação do meu equilíbrio mental e o bem-estar da família.
Sei que outros pensam de forma diversa.
Verão em mim, alguém cretino e desapiedado. Acredito que foi apenas o facto de não retirar aos outros a atenção devida, que me fez ouvir, contrariado certas litanias em que a maledicência dirigida aos outros, não foi por mim repudiada veementemente.
Daqueles que vi subir por mérito, tenho a sinceridade para lhes dispensar o meu respeito e admiração. Admito que ninguém seja perfeito, mas tenho deparado com alguns que constantemente amesquinham outrém na tentativa condenável de se glorificarem a si próprios.
Entristece-me o saber que a humanidade sofre e que está condenada a um destino de constante sofrimento e tragédia. A inveja corrói os espíritos e só na sabedoria e na modéstia dão alegria a quem as possui. A temperança nas palavras e actos é-nos transmitida por textos e pela oralidade, nos livros sagrados e por aqueles que cultivam o hábito de os lerem e seguirem os seus ensinamentos.
A paciência e a boa vontade trazem-nos o refrigério em tempo de abrasamento e o calor aconchegante em dias de frio intenso.
Deus será sempre o nosso apoio, a rocha onde edificamos o nosso lar e onde sentiremos o resguardo da família.
Sempre que ao longo do tempo, por dúvida ou convencimento tive desejo de O negar não pude fazê-lo por não sentir claros, os argumentos de tal soberba que repudiei mesmo que o apelo da razão pura e unicamente material me tentassem.
O Senhor é uma força, não um indivíduo. É algo que está em nós e permanecerá até à consumação dos tempos. É Ele que nos faz, andar, sentir, querer, crer e até duvidar, Será algo inimaginável que os relatos por mais variados não nos darão uma imagem porque Ele disse: -Eu sou Aquele que sou! Sempre pensei que a luz vem d'Ele e eu sempre estive com Ele pois é Ele que eu não vejo mas pressinto! Toda a obra digna desse nome tem a Sua marca. Quando visito locais onde a mais fina arte está patente e interiorizando o dom que os homens têm de a produzir, vejo também que é d'Ele que a clarividência vem, para fazer que compreendamos que é o Senhor que sendo ele próprio Natureza, pode criar todas as maravilhas.
Voltemos ao concreto. Sempre gostei de fazer coisas bem feitas e na profissão que me permitiu ganhar o pão para mim e para os meus, fui zeloso e dedicado, porfiando sempre para que o que se fazia tivesse a qualidade intrínseca e estética das coisa que agradam aos homens e são toleráveis a Deus.
Nunca para mim fez sentido estar vivo e viver como morto. A vida deve ser vivida, pois foi para isso que Deus no-la deu, mas só será frutífera se a vivermos com a dignidade dos humildes e a sabedoria dos sábios! Quando, porém, a sombra da dúvida me cobre e a melancolia se transforma em tristeza e temor, invoco a força que eu sinto de mim oculta, mas que vela pelas coisas criadas e as regenera num contínuo pulsar que tem em si o fluxo maravilhoso da vida.
Louvarei o Ser que nos dá a graça para amar os homens e o louvarmos a Ele. São as flores o fecho apoteótico do arco da criação. Encontra-mo-las por aí como que espalhadas por mão sábia de florista que cuidadosamente as coloca para deleito dos seus olhos e sentidos.
Há também a poesia que nos maravilha com as suas rimas que são os seus compassos que tão bem definem a nossa capacidade para habitarmos patamares mais altos donde poderemos divisar o invisível que se tornará na forma de entendermos a nossa própria alma. As aves essas criaturas que possuem a subtileza do indizível e se apresentam com as vestes mais belas de toda a Obra, são a quintessência da Sua criação.
Louvado seja o Senhor que não conhecemos com a razão, mas que está presente na simples soma de dois elementos e no mais complexo teorema da matemática - Faz também soprar a brisa que refresca o rosto quando o sol escalda e a luz é clara!
Bom dia...
A. O. dos Santos
(Bombadas)
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sexta-feira, 8 de novembro de 2019
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