"É o melhor assador do distrito", dizem ao seu lado, para incentivar a assadura e apressar a chegada das castanhas assadas© Afonso de Sousa/TSF |
À medida que a música se vai fazendo de improviso logo apareceram as castanhas, à mão do presidente da junta, Manuel João. "Temos aqui 50 quilos. Se não chegarem, vamos buscar mais. A jeropiga está a chegar", diz com um sorriso malandro.
Enquanto não chega, José André relembra a receita bem antiga. "É o primeiro mosto que se tira das uvas antes de as pisar. Depois leva dois cântaros de vinho, um de aguardente, dois quilos de açúcar, e já está".
Ao lado de uma grande fogueira está Ilídio Raposo, um assador de primeira que sabe tudo o que é preciso para ficarem bem. "Terem uma boa borralheira em baixo (risos) e depois puxá-las para cima e para baixo. Em seguida, são abafadas ali com umas folhas de couve ou nabiças para ficarem mais suavezinhas."
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Em Vilar Seco, na aldeia do planalto mirandês, os habitantes são conhecidos como "escrinheiros" porque fazem escrinhos (cestos de silva e palha centeia). Foi com eles que tentaram ir à Lua muito antes dos Estados Unidos, conta Ilídio Delgado.
"Muito antes dos americanos. Amontoaram grande quantidade de escrinhos, e, quando já estavam a chegar perto da Lua, o homem que estava lá em cima a fazer a colocação gritou para o que estava em baixo dizendo: 'Já só falta um!'" Verificando que faltava a matéria-prima, ficaram todos atrapalhados sem saber o que fazer. Eis então que o cabo de polícia teve uma ideia genial: "Tiramos o de baixo e colocamos em cima. Foi com grande desilusão que os viram cair todos."
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E fez-se com muita gente, tradição, música e castanhas. Os "escrinheiros" de Vilar Seco ajudaram, e bem, a molhar a palavra com vinho novo e jeropiga.
Afonso de Sousa
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