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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Na terra de "escrinheiros" o fim de semana foi de São Martinho, castanha e jeropiga

Em Vimioso a tradição ainda vive. Na terra dos "escrinheiros", a música tradicional acompanhou um "verão tímido", onde as castanhas deram o mote para se provar o vinho e a obrigatória jeropiga.
"É o melhor assador do distrito", dizem ao seu lado, para incentivar a assadura e apressar a chegada das castanhas assadas© Afonso de Sousa/TSF
Este fim de semana a aldeia de Vilar Seco, no concelho de Vimioso, distrito de Bragança, celebrou o São Martinho com uma mostra das colheitas de outono. Na terra dos "escrinheiros", a música tradicional acompanhou um "verão tímido", onde as castanhas deram o mote para se provar o vinho e a obrigatória jeropiga.

À medida que a música se vai fazendo de improviso logo apareceram as castanhas, à mão do presidente da junta, Manuel João. "Temos aqui 50 quilos. Se não chegarem, vamos buscar mais. A jeropiga está a chegar", diz com um sorriso malandro.


Enquanto não chega, José André relembra a receita bem antiga. "É o primeiro mosto que se tira das uvas antes de as pisar. Depois leva dois cântaros de vinho, um de aguardente, dois quilos de açúcar, e já está".

Ao lado de uma grande fogueira está Ilídio Raposo, um assador de primeira que sabe tudo o que é preciso para ficarem bem. "Terem uma boa borralheira em baixo (risos) e depois puxá-las para cima e para baixo. Em seguida, são abafadas ali com umas folhas de couve ou nabiças para ficarem mais suavezinhas."
© Afonso de Sousa/TSF
"É o melhor assador do distrito", dizem ao seu lado, para incentivar a assadura e apressar a chegada das castanhas assadas.

Em Vilar Seco, na aldeia do planalto mirandês, os habitantes são conhecidos como "escrinheiros" porque fazem escrinhos (cestos de silva e palha centeia). Foi com eles que tentaram ir à Lua muito antes dos Estados Unidos, conta Ilídio Delgado.


"Muito antes dos americanos. Amontoaram grande quantidade de escrinhos, e, quando já estavam a chegar perto da Lua, o homem que estava lá em cima a fazer a colocação gritou para o que estava em baixo dizendo: 'Já só falta um!'" Verificando que faltava a matéria-prima, ficaram todos atrapalhados sem saber o que fazer. Eis então que o cabo de polícia teve uma ideia genial: "Tiramos o de baixo e colocamos em cima. Foi com grande desilusão que os viram cair todos."
© Afonso de Sousa/TSF
De pé está ali há dois anos a festa das colheitas e do verão de São Martinho, impulsionada pela junta e pela autarquia e também pela AEPGA, associação que protege o burro mirandês da qual faz parte o veterinário Miguel Nóvoa. "De ano para ano a festa tem vindo a aumentar e contamos com as pessoas, como os criadores com os produtores que é quem mais interessa para se fazer uma festa."


E fez-se com muita gente, tradição, música e castanhas. Os "escrinheiros" de Vilar Seco ajudaram, e bem, a molhar a palavra com vinho novo e jeropiga.

Afonso de Sousa

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