Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Os autarcas souberam aproveitar, duma forma conveniente, os fundos comunitários e a obra é uma realidade. Muito do que se fez está ao serviço da comunidade, é um bem público, uma mais valia, para uma cidade que se pretende moderna e com respostas de cultura e conforto para os cidadãos. Outras obras foram o sinal duma época, em que era preciso investir, aproveitar recursos disponíveis, embora a sua utilidade seja discutível e até possam ser um sorvedouro de dinheiro do erário público.
Contudo, "Deus quer, o Homem sonha e a obra nasce." (Fernando Pessoa) e por isso, a crítica positiva é sempre um ato de cidadania, um contributo para a reflexão e para encontrar outras soluções. Também sabemos que só quem faz, produz, pensa primeiro, é objeto de crítica e da inquietação do erro.
Mas Bragança é na verdade uma cidade de contrastes que se têm manifestado ao longo do seu devir histórico. Uma cidade de ricos e pobres, de guerra e paz, de ciclos de desenvolvimento breves e de estagnação prolongada.
A cidade, às vezes, parece que capitula na longa sombra da história. Em 28 de Maio de 1375, o rei D. Fernando promulga a lei das Sesmarias. O reino desertificava-se e a região de Bragança também sentia essa morte anunciada. "A lei pretendia obrigar os proprietários a cultivar as terras mediante pena de expropriação, obrigar ao trabalho na agricultura a todos os que fossem filhos ou netos de lavradores" Enfim, uma lei que promovia o regresso ao mundo rural e o povoamento das aldeias. Contudo, há problemas que não se resolvem por decreto e só com a vinda dos judeus, expulsos pelos reis católicos de Espanha, em 1492, é que a cidade conheceu elevados índices de desenvolvimentos, progresso e riqueza nomeadamente ao nível do comércio e da indústria da seda. Mas logo, no século dezanove, a cidade não resistiu à peste, à insalubridade galopante, a guerras e Bragança de novo assiste à desertificação e à miséria, com galinhas e porcos passeando-se livremente na praça da Sé e outras artérias citadinas.
A história repete-se e hoje assistimos à capitulação duma cidade que parecia próspera, no fulgor da construção civil e do comércio dos anos oitenta e noventa. E hoje, se a zona industrial e as grandes superfícies comerciais demonstram algum vigor económico, o pequeno comércio local definha a olhos vistos e constatamos, com muita regularidade, falências não espectáveis.
A qualquer hora do dia, ir ao centro da cidade de Bragança, é entrar num mundo nostálgico de recordações, é assistir, paulatinamente, à morte anunciada da zona histórica, é vivenciar o desespero dos comerciantes que abrem as portas e ficam dias inteiros encostados ao balcão na ausência de clientes.
Mas de nada servem estas insípida constatações se não promovermos um grande debate público para encontrarmos soluções para a zona histórica e para a sua dinamização.
Seremos, para todo o sempre, responsáveis, pelas nossas omissões e pela Bragança que recebemos dos nossos antepassados e queremos devolver engrandecida aos vindouros.
Contudo, "Deus quer, o Homem sonha e a obra nasce." (Fernando Pessoa) e por isso, a crítica positiva é sempre um ato de cidadania, um contributo para a reflexão e para encontrar outras soluções. Também sabemos que só quem faz, produz, pensa primeiro, é objeto de crítica e da inquietação do erro.
Mas Bragança é na verdade uma cidade de contrastes que se têm manifestado ao longo do seu devir histórico. Uma cidade de ricos e pobres, de guerra e paz, de ciclos de desenvolvimento breves e de estagnação prolongada.
A cidade, às vezes, parece que capitula na longa sombra da história. Em 28 de Maio de 1375, o rei D. Fernando promulga a lei das Sesmarias. O reino desertificava-se e a região de Bragança também sentia essa morte anunciada. "A lei pretendia obrigar os proprietários a cultivar as terras mediante pena de expropriação, obrigar ao trabalho na agricultura a todos os que fossem filhos ou netos de lavradores" Enfim, uma lei que promovia o regresso ao mundo rural e o povoamento das aldeias. Contudo, há problemas que não se resolvem por decreto e só com a vinda dos judeus, expulsos pelos reis católicos de Espanha, em 1492, é que a cidade conheceu elevados índices de desenvolvimentos, progresso e riqueza nomeadamente ao nível do comércio e da indústria da seda. Mas logo, no século dezanove, a cidade não resistiu à peste, à insalubridade galopante, a guerras e Bragança de novo assiste à desertificação e à miséria, com galinhas e porcos passeando-se livremente na praça da Sé e outras artérias citadinas.
A história repete-se e hoje assistimos à capitulação duma cidade que parecia próspera, no fulgor da construção civil e do comércio dos anos oitenta e noventa. E hoje, se a zona industrial e as grandes superfícies comerciais demonstram algum vigor económico, o pequeno comércio local definha a olhos vistos e constatamos, com muita regularidade, falências não espectáveis.
A qualquer hora do dia, ir ao centro da cidade de Bragança, é entrar num mundo nostálgico de recordações, é assistir, paulatinamente, à morte anunciada da zona histórica, é vivenciar o desespero dos comerciantes que abrem as portas e ficam dias inteiros encostados ao balcão na ausência de clientes.
Mas de nada servem estas insípida constatações se não promovermos um grande debate público para encontrarmos soluções para a zona histórica e para a sua dinamização.
Seremos, para todo o sempre, responsáveis, pelas nossas omissões e pela Bragança que recebemos dos nossos antepassados e queremos devolver engrandecida aos vindouros.
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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