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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Igreja de São Vicente, Paçó de Rio Frio. “Aquele que vence a morte”!

 Situada 20km a Sudeste de Bragança, a aldeia de Paçó pertence à União de Freguesias de Rio Frio e Milhão, juntamente com os lugares de Quintas do Vilar e Vale de Prados. O povoado, muito antigo e designado Palaçoullo de Carvalhais, consta nas Inquirições de 1258, registada como «honra do mosteiro beneditino de Castro de Avelãs». Classificada como freguesia, foi pertença da Casa de Bragança e, entre novembro de 1514 e dezembro de 1853, pertenceu ao concelho de Outeiro de Miranda. ‘Transitou’ para o concelho de Bragança, fazendo então parte da freguesia de Rio de Frio. Paçó tem atualmente três templos católicos: a Igreja matriz de São Vicente e as Capelas de Nosso Senhor do Resgate e de Santa Ana. 


As «Memórias Paroquiais de 1758» dão ainda conta da existência da ermida de São Roque, presumivelmente na atual Capela do Senhor do Resgate atendendo à localização apontada. Hoje existe nicho dedicado ao Santo. A partir da criação da Diocese de Miranda, em 1545, a Igreja passou a depender da Catedral de Miranda do Douro, competindo-lhe “a obrigação de zelar todo o edifício do templo” (A. Mourinho, Arquitectura Religiosa da Diocese de Miranda do Douro-Bragança, 1995). Foi então sujeita a intervenções de nível estrutural, com incidência ao nível dos retábulos no século XVIII, e recebeu nova imagem do Orago em 1754 (Luís A. Rodrigues, De Miranda a Bragança: Arquitectura religiosa de função paroquial na época moderna, 2001). Em 1758, a Igreja tinha no altar-mor o Santíssimo Sacramento e na nave os altares de Nossa Senhora do Rosário e de São Jorge. Existia a Irmandade do «Nome de Jesus» agraciada com quatro jubileus: 1.º de janeiro, solenidade de Santa Maria; 22 de janeiro, dia litúrgico do Orago São Vicente; 4.º Domingo de agosto; 25 de dezembro, nascimento de Jesus. Implantada no centro da aldeia, o risco arquitetónico segue o padrão nordestino. Frontispício de empena truncada por campanário de dupla sineira, coroado por cruz trevolada sobre acrotério entre pináculos. O portal tem arco de volta perfeita, com friso moldurado, e a inscrição 1894 no dintel, a indicar intervenção. Na fachada direita estão as escadas de acesso ao campanário, onde também se abre portal e se rasgam janelas de capialço. A fachada esquerda tem saimento respeitante à sacristia, com entrada pelo presbitério. O interior é amplo e sóbrio. Tem interessante púlpito em granito no lado do evangelho, com data gravada de 1749, bacia apainelada e ornada com figuras geométricas, cruz e um coração. Assenta em coluna de capitel toscano, as escadas estão adossadas à parede. Permanecem dois altares laterais, junto à parede do ‘abatido’ arco triunfal, em estilo rocaille e de mesas paralelepipédicas: de Nossa Senhora do Rosário e do Menino Jesus, este invocando a antiga Irmandade; e substituindo o de São Jorge? O altar da Virgem, com sacrário, comporta quatro colunas a verde e rosa espiraladas a enquadrar o nicho, ornadas com vegetalismos e capitéis de estilo coríntio, com duas arquivoltas. O altar de Jesus é enquadrado por duas colunas lisas em mármore fingido, com marcas douradas no fuste. A imagem central do Menino de vestir, coroado e sobre globo, é ladeada nos eixos laterais pelas de Santo António e de São José, sobrepujados por dossel concheado. O ático remata em moldura canopial. O altar-mor, de mesa paralelepipédica, é uma bonita ‘peça’ rocaille policromada de três eixos. Ao centro abre-se tribuna de moldura recortada e arco de volta perfeita, com o Orago São Vicente exposto em trono escalonado. O painel costeiro é vegetalista e a cúpula é de um quarto de esfera com molduras douradas. Entre colunas lisas de marmoreado fingido a verde e rosa e capitéis coríntios, sob dossel concheado e assentes em mísulas, expõem-se as imagens de São Roque no lado do evangelho, que já teve ermida, e de São Sebastião no da epístola. O ático é truncado ao nível do teto, sobressaindo dois pináculos flamejantes sobre pilastras. “O Servo de Deus está preparado para tudo suportar em nome do Senhor”!

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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