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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 21 de dezembro de 2024

Quintino Teixeira de Carvalho - Os Governadores Civis do Distrito de Bragança (1835-2011)

 Nomeado pela Junta do Porto
9.MAIO.1847 – 11.JUNHO.1847
Amanuense do comissário das contribuições de Vila Real.
Comissário das contribuições em Santa Marta de Penaguião.
Secretário-geral do Governo Civil de Vila Real (1846) e de Bragança (1847).

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Quintino Teixeira de Carvalho era secretário-geral do Governo Civil de Vila Real quando, em maio de 1846, ficou responsável pelo mesmo, na sequência do abandono de funções do governador civil efetivo, D. Fernando de Sousa Botelho, aquando da eclosão da Revolta da Maria da Fonte. Seria, contudo, imensamente contestado. Dele escreveu então Camilo Castelo Branco no Periódico dos Pobres do Porto tratar-se de um indivíduo “pequenito em figura e em conhecimentos, pois nenhuns estudos tem, e duvida-se que andasse em Latim; é filho bastardo de um homem que foi frade e depois escrivão do geral”; acrescentando mais tarde que “para os habitantes deste distrito não há, não pode haver nada mais revoltante do que verem-se governados por um Quintino Teixeira de Carvalho, por um miserável sem opinião, sem conhecimentos, e sem propriedade; finalmente por um enjeitado que no fim de tudo se dá por muito feliz se puder obter um par de calças!” Acabaria exonerado do cargo a 11 de agosto de 1846.
Em 5 de maio de 1847, na sequência da guerra civil designada por Patuleia, a fação cabralista do distrito de Bragança refugia-se em Espanha, com os “influentes” Pessanhas e Mirandas, o governador civil, Francisco Xavier de Morais Pinto, o secretário-geral do Governo Civil, Diogo Albino de Sá Vargas, e a maior parte dos empregados do Governo Civil. É nomeado então para as funções de governador civil Manuel Bernardo Pinheiro de Lacerda, conselheiro do distrito de Bragança, o qual, em 8 de maio, solicita da Junta do Porto decretos, portarias e ordens a fim de dar cumprimento às disposições da Junta, para que o distrito “pudesse concorrer para o triunfo da causa nacional”.
Pinheiro de Lacerda não chega, no entanto, a tomar posse do lugar, pois a Junta nomeara já Quintino Teixeira de Carvalho “secretário-geral, servindo de governador civil” para Bragança, o qual, a 9 de maio de 1847, comunica a José da Silva Passos, da Junta do Porto, ter chegado já a Bragança e que iria iniciar a cobrança dos rendimentos públicos, uma vez que “as autoridades do Governo de Lisboa, nos sete meses que estiveram de posse do distrito, não haviam concluído um único lançamento da décima de 1845-1846, e apenas nos seis últimos dias tinham cobrado 600$000 réis da décima das freguesias da cidade”.
A 12 de maio de 1847, Teixeira de Carvalho envia a José da Silva Passos um exemplar do Boletim que fez publicar acerca das operações contra o barão de Vinhais, cabralista. Garante, ainda em maio, que reinava o maior sossego no distrito e estava ocupado a recolher o armamento que o Governo de Lisboa entregara aos batalhões nacionais, que procurou organizar, e as armas deixadas pelos soldados do barão de Vinhais. E dá conta do estado de desordem em que se encontrava a administração judicial das comarcas no distrito.
Em 1 de junho de 1847, informa José da Silva Passos que o barão de Vinhais ia entrar em Trás-os-Montes com as forças espanholas do general Concha, invasão que veio a concretizar-se com a chegada daquelas forças a Bragança, no dia 11 do mesmo mês. Quintino Teixeira de Carvalho vê-se então obrigado a retirar para o Porto, terminando, assim, as suas funções de governador civil, que exerceu, de facto, durante 32 dias, tendo sido substituído nas funções de secretário do Governo Civil de Bragança pelo anterior secretário, Diogo Albino de Sá Vargas.

Ataque de Camilo Castelo Branco a Quintino Teixeira de Carvalho, quando este assumiu as funções de secretário-geral do Governo Civil de Vila Real (1846)

Pela ausência de D. Fernando ficou governando o distrito o secretário-geral, Quintino Teixeira de Carvalho, nomeado pela Junta, e depois pelo Governo. Esta nomeação por si só era bastante para desacreditar completamente D. Fernando na opinião dos homens sensatos do distrito. Este Quintino é um enjeitado que agora se diz filho de um antigo escrivão do geral, sem conhecimentos nem habilitações algumas literárias pretende passar entre os seus como homem de Estado, é um miserável proletário que, deixando o emprego, não pode votar na eleição da Junta de Paróquia, é um verdadeiro descamisado que há dois meses ganhava um pequeno salário como amanuense do comissário das Contribuições desta vila. Apesar de tudo isto, D. Fernando não duvidou entregar a este indivíduo a administração do distrito! Não admira por isso que em todo ele se levantasse um brado geral contra semelhante nomeação: os homens que têm que perder viram com horror e indignação que, a despeito de considerações eminentemente respeitáveis, se confiavam os destinos do distrito a Quintino Teixeira de Carvalho. Não se enganaram. Quando aqui estiveram os do Castedo, teve ele a bondade de consentir [que] dessem cacetadas indistintamente em Realistas e Cartistas, para depois atribuir as que deram a instigações dos Cartistas; mas os Cartistas repeliram solenemente semelhante calúnia, desprezaram-na soberanamente. Este Quintino e o reverendo padre Sebastião (membro que foi da Junta, e autor do famoso Manifesto) estão sendo dois grandes ratões.
Não consentem que o nosso juiz de Direito funcione, obrigaram-no a entregar a vara ao 2.º substituto por o 1.º não merecer confiança, ameaçaram-no até com a morte se resistisse!!!

Fonte: Periódico dos Pobres do Porto, 16.7.1846.

Fontes e Bibliografia
A Patuleia. Catalogo dos documentos manuscriptos que pertenceram a José da Silva Passos. 1909. Porto: Real Biblioteca Pública Municipal do Porto.
Periódico dos Pobres, 6.7.1846, 17.7.1846, 11.8.1847.
O Nacional, 14.7.1846.
CASTELO BRANCO, Camilo; TELES, Manuel Tavares (organização). 2010. Correspondências do “Periódico dos Pobres”. Vila Real: Grémio Literário Vila-Realense / Câmara Municipal de Vila Real.

Publicação da C.M. Bragança

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