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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

A Matança de Outeiro - Capítulo VIII – O Legado de Outeiro


 Tinham passado alguns anos desde a batalha que marcou a história de Outeiro. As cicatrizes do conflito ainda estavam visíveis em algumas casas e ruas, mas a aldeia prosperava novamente.

Tomé, agora homem feito, caminhava pelas ruas, observando os jovens a praticarem movimentos com lanças e espadas de madeira, sob o olhar atento de João que sorria discretamente, lembrando-se do garoto que, anos atrás, tremia ao empunhar a espada pela primeira vez. O medo tinha-se transformado em confiança, e a coragem de cada aldeão tinha sido um exemplo para a próxima geração.

Maria, com cabelos ligeiramente grisalhos, percorria as casas e o campo, cuidando da saúde de todos e ensinando os mais jovens sobre ervas, curativos e cuidados com os feridos. A sua presença transmitia segurança, mas também lembrava que o cuidado e a compaixão eram tão essenciais como a força nas batalhas.

João treinava um grupo de adolescentes, ensinando-os a conhecer os trilhos da aldeia, as árvores, as pedras do vale. Explicava como o conhecimento do terreno poderia salvar vidas e como a estratégia e a coragem caminhavam juntas. Os jovens escutavam atentos, absorvendo todas as palavras, todos os gestos, as lições herdadas de homens e mulheres que tinham feito a Matança de Outeiro.

O velho Tiago já não caminhava pelas ruas com a mesma firmeza de outros tempos, mas o seu espírito permanecia. Sentava-se à sombra do canhão sobre o cavalete, agora limpo e polido, e contava histórias da batalha às crianças e jovens que se reuniam à volta dele, com os olhos a brilhar de fascínio.

- Lembrem-se sempre, dizia Tiago, a Matança não é só um nome. É coragem, união e memória. Não deixem que o tempo apague isso.

O canhão permanecia como símbolo da bravura da aldeia, mas a verdadeira essência da Matança vivia em Outeiro, nas pessoas e na memória coletiva.

Tomé, Maria e João percebiam que o seu papel ia para além da proteção física da aldeia. Eram eles os guardiões da história, responsáveis por transmitir aos mais jovens o que significava coragem, sacrifício e amor pela terra. As histórias contadas à noite sobre a batalha eram uma semente para que a memória da Matança jamais se apagasse.

A memória é o elo que une os vivos aos que já partiram

À medida que o sol se punha sobre a colina da Matança, Tomé, Maria e João observavam o horizonte. A aldeia respirava, forte e viva, e as sombras alongadas do crepúsculo lembravam-lhes que o legado de Outeiro era eterno. A Matança permanecia, como um campo de batalha, mas também como símbolo de coragem, resiliência e memória, um farol para todos os que viriam depois, lembrando que, mesmo diante da morte e do medo, um povo unido jamais se rende ou cede.

Outeiro continuava a viver, a ensinar e a inspirar, contando a mesma verdade. A bravura de um povo não se mede apenas na guerra, mas na força da sua memória e na coragem de quem mantém viva a história.

FIM

N.B.: Este conto tem como base a "Lenda" de Outeiro "A Matança". A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

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