Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Era tarde quando o encontrei, como sempre esteve,
e ao mesmo tempo, como nunca.
Talvez seja o meu olhar que curva o instante quando o acaso é o pôr-do-sol…
Que soberba ousadia tem o dia ao findar e me convida à comunhão com o sublime,
nesse diálogo subjetivo e indefinido do princípio ou do fim, que não sei ao certo!
Mas que bom é ser poeta deste tudo o que é belo,
ainda que a beleza exista sem precisar de ser dita!
…
Entre mim e a natureza,
ele desce, devagar, o silêncio pintado com pinceladas de sombras
e as cores, sem esforço, abraçam a terra como se sempre fosse assim,
e refletem o que nunca se diz.
Porque o que me diz ele, o pôr-do-sol,
e vamos ser espirituais,
é que eu, tão pequeno,
invento significados onde só há cores
sentidos onde vivem formas,
e dou palavras ao que só é brilho,
porque me apetece tudo aquilo que não tem dor. E não sente dor.
E tudo aquilo que é maior do que a nossa fome de sentido.
Depois, desaparece-me a angústia,
como se o mundo fosse simples
e a despedida, num adeus que não se despede,
uma verdade natural,
como a minha ideia que desliza
pela consciência da vida.
Ah! Como posso não amar este adeus
que flui além das colinas e tece em mim a última carícia de um beijo da terra?!
Quem te ensinou, assim, a arte de morrer tão divinamente?
ele desce, devagar, o silêncio pintado com pinceladas de sombras
e as cores, sem esforço, abraçam a terra como se sempre fosse assim,
e refletem o que nunca se diz.
Porque o que me diz ele, o pôr-do-sol,
e vamos ser espirituais,
é que eu, tão pequeno,
invento significados onde só há cores
sentidos onde vivem formas,
e dou palavras ao que só é brilho,
porque me apetece tudo aquilo que não tem dor. E não sente dor.
E tudo aquilo que é maior do que a nossa fome de sentido.
Depois, desaparece-me a angústia,
como se o mundo fosse simples
e a despedida, num adeus que não se despede,
uma verdade natural,
como a minha ideia que desliza
pela consciência da vida.
Ah! Como posso não amar este adeus
que flui além das colinas e tece em mim a última carícia de um beijo da terra?!
Quem te ensinou, assim, a arte de morrer tão divinamente?
…
E agora, quando já nada há no fim que seja claro e a noite entra toda pelas frestas da porta,
a saudade tem este jeito de ser como o céu,
de um azul que se vai tornando impossível.
E eu posso dizer-te, meu amigo,
com olhos que guardam o amanhecer
que, sabendo onde há amor, a luz nunca se perde.
a saudade tem este jeito de ser como o céu,
de um azul que se vai tornando impossível.
E eu posso dizer-te, meu amigo,
com olhos que guardam o amanhecer
que, sabendo onde há amor, a luz nunca se perde.
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021, “Cultura Sem Fronteiras” (coletânea de literatura e artes) e “Nunca é Tarde” (poesia), e da obra solidária “Anima Verbi” (coletânea de prosa e poesia) editada pela Comendadoria Templária D. João IV de Vila Viçosa, em 2023. Prefaciadora dos romances “Amor Pecador”, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021), “As Lágrimas da Poesia”, de Tchiza (Katongonoxi HQ, Angola, 2023), “Amar Perdidamente”, de Mary Foles (Punto Rojo Libros, 2023) e das obras poéticas “Pedaços de Mim”, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021) e “Grito de Mulher”, de Maria Fernanda Moreira (Editora Imagem e Publicações, 2023). Autora dos livros de poesia: Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022) e As Dúvidas da Existência - na heteronímia de nós (Farol Lusitano Editora, 2024, em coautoria com Rui Fonseca).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.


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