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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Maldade do mundo das crianças em romance de estreia de Tiago Patrício

Teodoro, uma criança obcecada com simetrias, e Lameira, uma aldeia com a forma de um T, mas, que, vista de cima, faz lembrar uma cruz gamada. Abrem-se assim as surpreendentes pouco mais de 150 páginas de Trás-os-Montes, romance vencedor do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2011.
Tiago Patrício, 32 anos, começou a escrevê-lo aos 19, a partir das suas memórias de infância e adolescência passadas naquela região. Retomou-o em 2010, reescrevendo-o para o referido concurso, já depois de se formar e de trabalhar como farmacêutico, de começar a escrever poesia e peças de teatro, de integrar por várias vezes o programa Jovens Criadores, de passar por várias residências artísticas e de criar o blogue Cartas de Praga. Como resultado, surgiu este romance concentrado na velocidade da narração e na intensidade dos retratos e dos gestos das personagens.

É, antes de mais, audaz a opção do autor em evocar a presença do Mal no mundo da infância. Em Trás-os-Montes, como em Jardim de Cimento, de Ian McEwan, ou Olho de Gato, de Margaret Atwood, a relação privada entre as crianças é um território onde a maldade está presente, mais do que como imitação ou reflexo dos gestos dos adultos, como forma de descoberta, de afirmação ou de aliança. Após uma série de pequenas transgressões, Teodoro e os seus amigos Edgar e Óscar cometem um acto de violência atroz sobre outra criança (o romance termina com uma outra morte).
Avançamos em retrospectiva até o conhecer e aos seus contornos e conhecermos o universo mental e quotidiano, as dores, as perdas e os sonhos de cada uma destas crianças (também de Raquel, irmã de Óscar) e o seu lugar naquela aldeia em forma de cruz. Trás-os-Montes não é uma tragédia moral nem um romance de análise psicológica. É, sobretudo, uma história bem contada e gerida, com uma voz e uma intencionalidade pouco frequentes numa primeira obra.

Por: Filipa Melo
Sol

1 comentário:

  1. Congratulo-me com a publicação de mais uma obra de um autor de Tras os Montes.
    Um livro a ler com muita atenção, pelo tema que trata.

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