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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 25 de janeiro de 2020

O dia da fotografia à lá minute

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

O tio Abel morava numa casa junto ao rio Fervença em Bragança. Comerciante rico no mister de comprar e vender tudo o que o negócio recomendasse. Coisas de judeus. Já frequentava o Cube de Bragança e tratava o Director do Banco de Portugal, o Comandante de Infantaria 10 e o Governador Civil por tu cá, tu lá, por isso, o tio Abel era respeitado na cidade e amigo de ajudar a desembaraçar as teias burocráticas dos bancos e das Finanças.
O tio Abel tinha um sobrinho chamado Serafim, a quem comprou um macho e mandou pelo mundo a negociar.
- Saiu-me fino este Serafim! 
Dizia o tio Abel no orgulho de judeu velho e terminava a frase sempre da mesma maneira, piscando um olho miudinho e acendendo um cigarro:
- Este diabo faz dinheiro de tudo! E sorria matreiro.
Todos os dias estava no Jardim José de Almeida um velho mendigo que governava a vida a tirar retratos à lá minute… e já tinha fotografado toda a família do tio Abel que acediam à fotografia para ajudar a governar a vida ao homem do mundo. Assim na roda das fotográficas por caridade, também tocou a vez ao jovem Serafim. 
Aqui o tio Abel primou, o rapaz merecia. Encomendou para o Serafim um fato novo, um boné e o homem dos retratos foi chamado a casa.
- Ora vamos lá então! Dizia o retratista.
- Vamos pôr um braço apoiado! Como no cinema! Cigarro na outra mão… que luxo… isso mesmo!... Olhe para a minha mão… não mexa… já está!
E ali estava o meu pai… Serafim doa Anjos Calado… retratado… para sempre... à espera que eu nascesse… para contar a história!
… aqui fica meu pai… meu menino!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”. 

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