O tema esteve em discussão no Museu do Abade de Baçal em Bragança.
Para Roberto Afonso, investigador na área da etnografia e membro da Academia Ibérica da Máscara, são já várias as oportunidades de negócio nesta área que começam a ser aproveitadas. “São marcas do povo que identificam uma forma de viver que vem de há muitos e muitos anos e diferente de outros sítios do país. Qualquer manifestação deste género pode servir para alavancar um pouco a economia, porque pode também constituir-se como motivação para criar pequenos negócios, como no caso dos artistas que fazem máscaras, isto há uns anos não acontecia. Também há gente a fazer tecelagem das mantas para os fatos dos caretos, que já estava quase desaparecida”, afirmou.
Além destas oportunidades muitas festas de inverno atraem já um grande número de visitantes. É o caso do entrudo chocalheiro de Podence que recebe milhares de visitantes e representa uma receita de 1 milhão de euros para a região, segundo adiantou António Carneiro, presidente da associação do Grupo de Caretos de Podence. “A tradição dos caretos consegue dar uma dinâmica diferente à aldeia que hoje tem quatro restaurantes, 130 camas legalizadas e no carnaval tem 40 espaços para as pessoas comerem. A um mês do evento os hotéis em Macedo, Bragança e Mirandela estão completamente lotados”, contou.
O Carnaval de Podence foi reconhecido como Património Imaterial da Unesco em Dezembro, o que pode potenciar ainda mais a nível turístico a tradição e a aldeia de Macedo. António Carneiro fez questão de frisar que esta não foi uma candidatura isolada.
A tertúlia foi promovida pelo Correio Transmontano. João Sampaio, deste projecto de cidadania e terapia, considera que o debate foi importante para tentar perceber alguns dos desafios relacionados com o reconhecimento como património imaterial. “Falou-se da responsabilidade que toda a gente vai ter, no sentido da defesa da genuinidade e reforçar a ideia de que estas actividades podem ajudar na luta contra o despovoamento”, explicou.
As potencialidades das tradições de inverno e perspetivas face ao despovoamento nas zonas rurais foi o tema em debate no Museu do Abade de Baçal.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
Embora importantes, estas atividades do setor terciário, promovendo o turismo - um movimento de vai e vem entre as localidades -, podem ajudar a contrariar o despovoamento e o definhar de algumas localidades urbanas do Nordeste Transmontano. Contudo, estão longe de ser as mais relevantes para resolver este grave problema que afeta a generalidade das nossas localidades. Para o efeito, o Poder Central e o Poder Local têm que fomentar e promover outras medidas de apoio recuperação e ao desenvolvimento e/ou das atividades tradicionais do setor primário - a ago-pecuária e a silvicultura - e as do setor secundário - indústria -, sem as quais nem o próprio setor terciário será sustentável. A meu ver, serão sobretudo as atividades económicas dos setores primário e secundário que, com a criação de emprego, poderão contribuir para a fixação e consequente repovoamento das localidades rurais do Nordeste Transmontano.
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