sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Manuel Barroco – Homenagem aos Mascarados (2009)

A segunda obra de Manuel Barroco em Bragança, inaugurada em 2009, seria designada por Monumento aos Mascarados, destinando-se a ser implantada no cruzamento da Via Circular Interna com a Avenida das Forças Armadas.

Homenagem aos Mascarados (2009). Autoria: Manuel Barroco

Dois anos antes, na mesma reunião em que apresentara a proposta para a execução do Monumento ao Cão de Gado Trasmontano, o Presidente da Câmara fê-lo igualmente para a feitura de um elemento escultórico alusivo aos Mascarados, “dada a importância da ‘Máscara’ e ‘Mascarados’ nas tradições, usos e costumes das populações rurais do Concelho”. “O projeto Máscaras tem como objetivo ajudar a promover a identidade e a cultura do povo desta região de fronteira, unido por milénios de história. As festas de Inverno, associadas às Máscaras, incluem rituais milenares transmitidos de geração em geração, assegurando o diálogo entre o presente e o passado que pela expressão, força e dimensão merecem lugar de destaque devendo ser reconhecidas como festas de interesse turístico regional”. Como vemos, o seu processo de adjudicação teve trâmites similares àqueles que foram observados para o Monumento ao Cão de Gado Trasmontano.
Na memória descritiva apresentada pelo artista, é referida a forma como foi concebido o monumento: duas figuras de mascarados e um conjunto de nove blocos de granito que serve de base a outras tantas máscaras, com inscrições em bronze, representando as localidades do Concelho de Bragança “com costumes dos mascarados”.
Ao comentar a sua obra, o escultor recorda: “Na sua maioria, são réplicas de máscaras do Concelho de Bragança, mas lembrei-me de também contemplar um Careto de Espanha, que é a figura com um traje de palha […] Apesar de ser da região e conhecer estas figuras desde a minha infância […] fui a diversas localidades portuguesas e espanholas para ficar a par do simbolismo e representatividade de cada peça".

Manuel Barroco, visando uma leitura rápida por parte do espectador, optou por uma composição essencialmente figurativa, dando particular relevo à postura dos dois elementos centrais e ao cromatismo forte, fazendo referências diretas às povoações onde a persiste a tradição dos Mascarados. O grupo escultórico é organizado de forma simples, mas recuperando um esquema geométrico que muito tem a ver com um formulário ancestral: um círculo formado por blocos de granito que servem de base às máscaras, rodeando as duas figuras centrais, que estão colocadas num plano superior, permitindo-se assim a visualização de todos os componentes escultóricos.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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