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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

CASTELO DE PENAS RÓIAS

Vista do Castelo de Penas Róias, Portugal. Gravura, Duarte de Armas, "Livro das Fortalezas", c. 1509, prancha 60.
O "Castelo de Penas Róias" localiza-se na povoação e freguesia de Penas Róias, concelho de Mogadouro, distrito de Bragança, em Portugal.

Antigo castelo da Ordem do Templo na região de Trás os Montes e Alto Douro, integrava, à época da constituição da nacionalidade portuguesa, juntamente com os de Algoso, Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Outeiro de Miranda e Vimioso, o chamado núcleo duro do nordeste transmontano. Hoje compreendido na Área Turístico-Promocional de Montanhas, de seu sítio contempla-se a Igreja Matriz de Santa Maria de Azinhoso e, ao longe, Mogadouro.

O topónimo deriva de penha (penedo ou rochedo), sendo possível que Róia tenha derivado de "roja" (vermelha).

História

Antecedentes

Pouco se sabe acerca da primitiva ocupação humana desta área. Os testemunhos arqueológicos apontam uma ocupação proto-histórica do local, que poderá estar relacionada a um castro. À época da Invasão romana da Península Ibérica, encontrava-se abandonado.

O castelo medieval

À época da Reconquista cristã da península, a região foi inicialmente conquistada pelo reino de Leão.

Com a afirmação do reino de Portugal, diante do estabelecimento da capital em Coimbra, tornou-se imperativa a sua defesa ativa. Para esse fim, Afonso I de Portugal (1143-1185) delegou aos cavaleiros da Ordem do Templo o encargo de fortalecer os acessos a sul e a leste do rio Mondego, doando-lhes, a partir de 1145, diversos domínios como os de Mogadouro e outros, na região de Trás-os-Montes.

Os domínios de Penas Róias foram doados à Ordem logo em 1145 por Fernão Mendes de Bragança, "tenens" da Terra de Bragança, circunscrição na qual a localidade estava inserida. Essa época coincide com testemunhos arqueológicos da sua ocupação no século XII, ou um pouco antes, já ao final do XI, o que sugere, para alguns autores, a prévia existência de um reduto defensivo no local, fato que poderia ser atestado pelos vestígios de torreões de planta circular (típicos de estruturas leonesas na margem direita do rio Côa, nesse período) que subsistem nos vértices do castelo.

Em posse da Ordem, o castelo sofreu significativas alterações, entre as quais se destaca a construção de uma torre de menagem de planta em losango. Embora tradicionalmente se afirme a data de 1166 como a de início da construção do castelo, sob a direção do 4.º Grão-Mestre da Ordem, D. Gualdim Pais, a inscrição epigráfica na torre de menagem encontra-se bastante deteriorada. É possível, entretanto, ler-se a data como "Era 1210" (da Era Hispânica, correspondente ao ano de 1172 da Era Cristã) ou ainda "Era 1219" (correspondente a 1181). Francisco Manuel Alves (1940) e Cordeiro de Sousa (1948), pretenderam ler nela o nome de Gualdim Pais, o que não é plenamente verificável. De qualquer modo, os trabalhos contaram com o seu patrocínio direto, uma vez que a torre (e o castelo) inscreve-se no movimento maior de construção de castelos templários no país, todos assinalados por inscrições epigráficas e empreendidos por Gualdim Pais, como os de Almourol, Longroiva, Tomar e outros.

Sob o reinado de Sancho I de Portugal (1185-1211), empreendeu-se novo esforço de repovoamento da vila, que passou a sede de concelho, tendo recebido carta de foral em maio ou junho de 1187. Nesta fase, a Ordem deslocava a sua atuação mais para o sul, para a Beira Baixa, tendo recebido em agradecimento pelos seus serviços, os domínios de Idanha-a-Velha e de Monsanto em 1165 (os da primeira confirmados em 1197), e uma parcela, junto à Vila Velha de Ródão, em 1199. Em troca de Idanha-a-Velha, o soberano recebeu os castelos de Penas Róias e de Mogadouro (1197). Dois anos depois (1199), em troca da herdade de Azafa, o soberano recebeu da Ordem as igrejas de Mogadouro e de Penas Róias.

Posteriormente, sob o reinado de Afonso III de Portugal (1248-1279), nas Inquirições de 1258, faz-se alusão a Penas Róias e ao “tenens” de Bragança, D. Fernando Mendes de Bragança, que ocupou a tenência de Penas Róias entre 1128 e 1145, quando a doou aos Templários. A vila recebeu carta de foral, juntamente com Mogadouro, em 1272, foral esse confirmado a Penas Róias no ano seguinte (1273).

Diante da extinção da Ordem do Templo, Dinis I de Portugal (1279-1325) transferiu os domínios de Penas Róias para a Ordem de Cristo (1319), acreditando-se que tenham tido lugar trabalhos de recuperação e reforço das defesas à época, que estará na origem da configuração registada por Duarte de Armas no início do século XVI.

O domínio da povoação e seu castelo foram adquiridos por Álvaro Pires de Távora (1457), que também detinha a alcaidaria dos castelos de Mogadouro e de Miranda do Douro.

Sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521) o castelo e a povoação encontram-se figurados por Duarte de Armas no seu “Livro das Fortalezas” (c. 1509). O soberano outorgou o Foral Novo a Penas Róias em 1512.

Do século XVIII aos nossos dias

As "Memórias Paroquiais" (1758) referem que o castelo, a norte da vila, encontrava-se arruinado, com muros "de pedra de seixo bruto", estando a torre, "de quatro esquinas", ainda "bem segura e fabricada do mesmo seixo bruto" com paredes altas e porta "levantada mais de trinta palmos" com um letreiro ilegível.

No ano seguinte (1759), na sequência do processo dos Távora, a povoação passou para a Coroa.

Em 1836 registou-se a extinção do concelho e consequente declínio da povoação. Neste período, a população reaproveitou os materiais de construção do antigo castelo.

No início do século XX ainda eram visíveis alguns dos cubelos que integravam o castelo e a antiga cerca da vila, bem como de uma porta que ligava o castelo à povoação.

Com a cerca da vila de há muito desaparecida, o castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto n.º 34.452, publicado no Diário do Governo, I Série, n.º 59, de 20 de março de 1945.

Em 1977, quando se lavrava um terreno próximo, vieram à luz restos de colunas. A intervenção do poder público fez-se sentir entre 1977 e 1978, quando foram procedidos trabalhos de consolidação e reparos nas muralhas e na torre de menagem, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).

Em 1992 o imóvel foi afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR), pelo Decreto-lei nº 106F/92, publicado no Diário da República, I Série A, nº 126, em 1 de junho de 1992.

Em 2007-2008, no âmbito de uma candidatura apresentada pelo IPPAR ao programa comunitário Interreg IIIA, foi desenvolvido um projeto de valorização que incluiu intervenções de conservação e restauro da torre de menagem e dos restos das muralhas do castelo.

Atualmente são visíveis apenas uma torre (fechada ao público) e os vestígios de antigas muralhas e cubelos medievais.

Características

Castelo roqueiro, na cota de 719 metros acima do nível do mar, foi erguido em estilo românico, tendo as suas muralhas sido reforçadas por quatro cubelos (dois facetados e dois cilíndricos). O material em que foi construído assemelha-se ao do Castelo de Algoso.

Ao centro da praça de armas ergue-se a torre de menagem, de planta em losango com lados de dimensões variáveis – entre 7 e 8 metros de largura -, de muros espessos, em aparelho simples de xisto quartzítico, argamassado. Internamente era dividida em três pavimentos. Nos alçados leste e sul, rasgam-se janelas em cantaria. A oeste rasga-se a única porta, retangular, a cerca de três metros de altura, também em cantaria. Era primitivamente acedida por uma escada de madeira, amovível. No lintel, inscreve-se a cruz pátea templária e uma inscrição epigráfica, muito erodida, onde de lê: “INCIPIUNT FUNDAMENTO CASTELO DE PENA ROIAS [...] MENSE[(?)] ERA Mª CCª Xª[...] [ano de 1172] TEMPORE REGE [ALFONSO] [...]". (BARROCA, Mário Jorge. “Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II”. Porto: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000. pp. 376-379)

Próximo a esta torre encontram-se os restos de um dos cubelos cilíndricos que integravam o castelejo. Subsistem ainda alguns troços da sua muralha, a leste.

Finalmente, um recinto murado de maiores dimensões correspondia a uma zona de habitação, atividades artesanais e currais de gado.

in:fortalezas.org

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