Duas fronteiras ligam a linda região da Sanábria (Seabra) com o Nordeste Transmontano: a fronteira de Rio de Onor, a mítica aldeia raiana, e a fronteira de Portelo/Calabor. A falta de uma boa ligação entre Puebla de Sanábria e Bragança (tem-se falado na construção de uma auto-estrada), estas são as duas únicas opções existentes. Um aspecto importante é a melhora da estrada espanhola entre Puebla de Sanábria e a fronteira, se bem que não evita as múltiplas curvas lá existentes. O alcatroado é muito recente e finalmente podemos ter uma ligação numas condições aceitáveis.
A estrada atravessa zonas despovoadas onde não se vê vivalma, sobre tudo depois de ter passado a localidade de Pedralba de la Pradería, última aldeia antes de chegar a Calabor. A fronteira decorre uns quilómetros depois de termos passado esta povoação e logo a seguir chegamos a Portelo, já na Terra Fria Transmontana. Do lado português as aldeias sucedem-se: Portelo, França, Rabal e, finalmente, chegamos a Bragança, não sem antes entrar brevemente na freguesia de Meixedo. São aldeias que pertencem ao Parque Natural de Montesinho, mas que, no entanto, segundo o meu ponto de vista, trata-se de aldeias mais bem descaracterizadas, se bem que não isentas de certa beleza natural. De facto encontramos parques de merendas e zonas de banho e até mesmo moinhos ao lado do rio Sabor, mas não têm nada a ver com a «aldeia preservada» de Montesinho a 1 km. do Portelo, à que se acede por uma estrada que fica a Sul desta última.
Do lado espanhol, resulta interessante o facto de Calabor ser, segundo estudos filológicos, uma aldeia onde ainda se fala um dialecto de origem galaico-portuguesa onde os portuguesismos são frequentes, o que não admira, visto o facto de a aldeia mais próxima ser à do Portelo e de ficar mais perto de Bragança do que de Puebla de Sanábria. Embora a tipologia do casario seja parecida, cá destacam os telhados de xisto, que no Portelo só encontrámos nas casas mais velhas, sendo substituídos por telhas de barro cozido vermelho.
A Natureza, como não pode ser de outra forma, é o activo mais importante da região. Sanábria bem merece uma visita em qualquer estação do ano. No Inverno poderemos ver os cumes das montanhas nevados e desfrutar de um bom cozido feito com o feijão típico da região conhecido como habones. De salientar ainda a truta do lago de Sanábria e o polvo, feito de forma semelhante à maneira galega e as carnes de vitela. Na Primavera é o despertar e veremos a região verdejante e, sobre tudo, sem muitos turistas. No Verão, embora os turistas às vezes cheguem a ser excessivos, bem vale a pena tomar banho no lago de Sanábria, sobre tudo num dia quente. Finalmente, no Outono, vale a pena ver a região e contemplar os tons dourados das árvores, principalmente castanheiros. Para quem não é do Nordeste Transmontano, é uma região muito desconhecida para o turista português, mas tem uma riquíssima etnografia popular e muitas ligações de proximidade. Atrevo-me a afirmar que seja talvez a mais «portuguesa» das regiões da província de Zamora. É claro que é apenas minha opinião, mas acho que tem algum fundamento. Puebla de Sanábria e o seu castelo e igreja, o mosteiro de S. Martinho da Castanheira, o lago de Sanábria e, em geral, qualquer aldeia, é óptima para um passeio ou para iniciar percursos pela Natureza onde descobriremos vales glaciários, cascatas, florestas, etc.
De qualquer forma, continuo a preferir a ligação entre Bragança e Puebla de Sanábria por Rio de Onor, se bem que não é apta para autocarros nem viaturas de grandes dimensões, já que as ruas desta aldeia são um bocadinho estreitas, mas é óptima para ligeiros. Apesar de a estrada de ligação entre Rio de Onor e Puebla de Sanábria ser bem mais estreitinha, não há tantas curvas e o percurso é menos demorado. De qualquer forma, há duas opções à escolha!
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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
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