O empresário de Bragança associado à polémica do botulismo alimentar decidiu ripostar com uma proposta gastronómica alternativa por ter sido afastado do Festival do Butelo e das Casulas, do qual reclama a paternidade.
Luis Portugal diz ser "o pai da criança" e que se sente "perseguido e injustiçado" por a Câmara de Bragança não ter convidado o restaurante de que é proprietário e de o ter "proibido" de participar no festival que ajudou a lançar, há cinco anos, e que vai decorrer entre sexta e domingo, em Bragança.
O empresário mandou imprimir 10 mil panfletos a anunciar que "Butelo é no Castelo" com a semana gastronómica que, até domingo, promete dar a degustar na "Tasca do Zé Tuga" o enchido típico de Bragança que, apesar da semelhança do nome, nada tem a ver com a doença que "arruinou" o negócio do conhecido chef de cozinha de um programa televisivo.
"Não comento", foi a reação do presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, quando confrontado pela Lusa com a posição do empresário que garante ter sido ele a levar "a todo o país este enchido pela porta da cozinha dos chefes e restaurantes mais conceituados".
"Há cinco anos não se ouvia falar do butelo nem das casulas", lembra Luís Portugal, reclamando o trabalho de promoção do volumoso enchido feito de ossos e das cascas de feijão cozidas, um prato típico do carnaval, em Bragança.
O enchido feito com o bucho ou a bexiga do porco era dos menos nobres do fumeiro regional, mas nos últimos anos ganhou estatuto, como reconhecem as entidades locais, com direito a confraria, aumento dos preços e com a procura a superar a oferta, assim como as casulas.
"O masterchef Luís Portugal é sem dúvida o pai da criança" reclama o empresário que se sente revoltado por nem o restaurante de que é proprietário na zona mais nobre da cidade, o castelo, ter sido convidado para integrar o lote de estabelecimentos onde o butelo fará parte das ementas durante os três dias do festival.
Vai daí, Luís Portugal decidiu organizar no próprio restaurante uma semana gastronómica que é mais um passo para "tentar sobreviver" àquilo que apelida da "mentira apadrinhada pelo presidente da Câmara e destruição de uma empresa de referência".
Luís Portugal é proprietário da empresa Origem Transmontana que, em setembro, foi apontada pelas autoridades nacionais de saúde e segurança alimentar como a origem das alheiras que provocaram cinco casos de botulismo alimentar, uma doença causada por uma bactéria.
A empresa dedica-se a vender produtos de qualidade da região e perdeu o negócio nesta polémica que aguarda desenvolvimentos nos tribunais e que atingiu, pela coincidência do nome e do produto associado ao botulismo, os enchidos transmontanos, sobretudo a conhecida alheira de Mirandela que movimenta 30 milhões de euros por ano.
Depois de consultar o processo judicial ainda em curso, o empresário afirmou que a maioria dos casos de botulismo apontados está associada a produtos adquiridos em grandes superfícies comerciais e não à empresa de Bragança.
Luís Portugal acusou as autoridades nacionais, nomeadamente o diretor-geral da Saúde, Francisco Georges, de "terrorismo" e anunciou que vai processar todos que contribuíram para a polémica.
HFI // MSP
Lusa/fim
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