“Ó, já vão? Fiquem mais um bocadinho...” O pedido de Manuel Silva traduz aquilo que de mais importante o Serviço de Apoio Domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de Bragança proporciona a cerca de 90 utentes. Uma companhia diária, mesmo em dias de festa, que ajuda a passar o tempo que, a partir de uma certa idade, se torna incontável.
“Sabe, moro sozinho e estas meninas fazem-me companhia”, explica este vilarrealense, de 85 anos, que veio para Bragança em 1970, “por pouco tempo”, mas que acabou por ficar.
É utente do Serviço de Apoio Domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de Bragança há cerca de um ano. As quedas em casa começaram a ser frequentes e o filho, preocupado mas ocupado, decidiu recorrer a este serviço da instituição. “Estive duas horas caído, sem poder chegar ao telemóvel ou ao telefone. Por sorte foi um domingo e o meu filho veio ver-me”, recorda Manuel Silva, antigo vendedor de uma casa de tintas.
“As senhoras do apoio vêm por volta das 10h30, tratar da higiene. Depois trazem o almoço, lá para o meio dia e meia. Já as via na rua por todo o lado”, recorda Manuel Silva. “Ajudam-me a tomar banho, a vestir, tratam da roupa suja e uma vez por semana limpam-me a casa”, explica. “Também me fazem companhia, mas é pena ser pouco tempo”, diz, num lamento denunciado por um sorriso matreiro.
O pagamento varia em função dos rendimentos de cada utente mas este caso reflete a situação típica. “Por norma, são os familiares mais próximos que nos contactam”, explica Sandra Bento, coordenadora do serviço.
Ao todo, a equipa tem 16 funcionários e milhares de quilómetros percorridos. Para além da cidade de Bragança, também as aldeias mais próximas cabem no raio de ação das equipas.
É o caso de Rio Frio, onde prestam apoio a Filinto Miranda, de 77 anos. No seu caso, foram os irmãos a recorrer aos serviços da Santa Casa da Misericórdia de Bragança, depois de um conjunto de AVCs. “Foi a minha irmã que decidiu”, explicou ao Mensageiro, no dia de Consoada, ocasião que mereceu um ‘miminho’ especial aos utentes. Para além de um presente para cada um, também o almoço é tradicional, como polvo, acompanhado de filhós e rabanadas. “São muito boa gente. Fazem tudo, a limpeza da casa, lavam a louça e são simpáticas”, garante.
Nascido e criado em Rio Frio, Filinto Miranda sempre viveu sozinho. “Para mim, é muito importante que venham, pois a casa está sempre limpa. E eu prefiro ficar aqui e que venham cá elas a casa do que ir eu para um lar”, frisa.
Esse é um dos fatores preponderantes na hora de se optar por este tipo de apoio. Ana Maria Pires, a diretora técnica da instituição, sublinha que, ali, privilegiam “uma visão holística da situação”. “Não queremos um mero caráter assistencialista”, refere.
in:mdb.pt
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