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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Olinda Luzia Branco
A Sr.ª Olinda Luzia Branco86 anos, vive em Bragança. Cedo principiou a ajudar a mãe.
Não havia água no povo, então agarrava numa cantarinha e ia buscá-la. Depois acarretava a água em cântaros de cobre, um na mão e outro no quadril. De Espanha vinham azeite, chocolate e farinha. O peixe, sardinhas e carapaus, trocavam-se por centeio. A vida apesar de pobre era mais alegre.
Consumia-se o que a terra dava: batatas, feijões, grelos, rabas cozidas com ovos no Natal. Na noite de Consoada além das rabas também comiam bacalhau e polvo. O filho num Natal queixou-se de não ter prendas, ela colocou-lhe no sapato um saquinho com figos. Não podia mais. Na Páscoa o folar não podia faltar sobre a mesa, quantos mais ovos das pitas mais amarelo ficava. No dia da festa, grande dia, comiam leitão assado no forno do pão, bolinhos de bacalhau.
A matança era a grande desta, era o dia que se tinha o governo da casa. Um mês antes de se matarem os porcos melhorava a sua alimentação, comiam batatas cozidas, centeio, couve de pena, grão-de-bico, frutos, milho e rabões. Ainda folhas de negrilho ripadas e misturadas com farelos na lavadura. O dente de porco não deixa escapar nada, a carne era bem melhor. A carne salgada depois de limpa punha-se ao lume a secar. A salsa e a hortelã eram os temperos mais usados.
O casamento foi pobre (estavam de luto), comeram galinha frita e umas fatias de pão-de-ló. Como lua-de-mel foram botar remédio contra o bicho da batata.
Aos meninos dava-se papinhas de farinha Maizena com leite. Nos Santos os comeres eram: cordeiro assado e castanhas assadas.
As castanhas serviam para jogar à rebiana e à porca malhada. Porca malhada/orelha rachada/qual é a mão mais chinchada. Pilavam castanhas. Comiam muitas castanhas, punham-nas no caniço para ficarem secas e serem consumidas depois.
Nas malhas comia-se muito mais; carnes, chouriços, queijo, massa e caldo. Nas tabernas não havia de comer, só pão e vinho.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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