Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Arqueólogos estudam o ataque à aldeia de Cambedo em 1946

Arqueólogos estão a escavar numa casa em Cambedo destruída em 1946, após um ataque da GNR e Exército a esta aldeia do concelho de Chaves onde estavam refugiados guerrilheiros espanhóis que fugiram à ditadura franquista.
“Cambedo 1946” é um projeto de arqueologia contemporânea que está a estudar a resistência às ditaduras ibéricas (1926-1975) e a solidariedade na fronteira entre Trás-os-Montes e a Galiza.

O ponto de partida para a investigação é a casa da dona Albertina. Nas suas ruínas uma equipa de cinco arqueólogos liderada por Rui Gomes Coelho está a escavar e a procurar vestígios com recurso a um detetor de metais.

No pátio da casa os investigadores descobriram hoje uma insígnia de metal da Guarda Fiscal. É um achado que consideram importante e que pode estar relacionado com o ataque à aldeia e à casa da dona Albertina, onde estavam refugiados dois guerrilheiros espanhóis.

Nas ruínas do que foi a corte dos animais, que ficava por baixo da cozinha, foram descobertos objetos, como um prato com o desenho da Torre de Belém, e que estão relacionados com o dia-a-dia da mulher que era localmente conhecida como “tia Albertina”, uma devota que vivia para a igreja e que ensinava a doutrina aos mais novos.

Rui Gomes Coelho explicou que esta casa de granito foi “duramente bombardeada” pelo Exército e nunca foi reconstruída. No dia 21 de dezembro foram disparados cerca de “70 projéteis de morteiro” numa área concentrada da aldeia.

Do lado espanhol da fronteira estava a Guarda Civil, com quem o cerco tinha sido concertado. Desse ataque resultaram vários mortos e feridos e muitos habitantes da aldeia foram presos e interrogados.

“A ideia é fazermos a deteção dos episódios da batalha no momento em que os guerrilheiros se refugiam na parte detrás desta casa e depois começam a ser bombardeados pela GNR e pelo Exército. Estamos a tentar encontrar fragmentos desses projéteis dos morteiros e das balas utilizados”, explicou o arqueólogo.

A casa da dona Albertina é encarada pelos investigadores como uma espécie de “cápsula do tempo, uma autêntica janela para o modo de vida dos habitantes de Cambedo em 1946”.

Era uma aldeia de contrabandistas e, segundo o arqueólogo, as atividades da guerrilha antifranquista sustentavam-se muito na organização dessas rotas.

“Nós queremos dar visibilidade à comunidade que sustentava socialmente a própria guerrilha. Tinham interesses em comum e por isso é que estavam juntos nesta luta, neste fenómeno de resistência”, afirmou.

Os arqueólogos estão também a fazer uma prospeção de antigos abrigos guerrilheiros que existiram nesta região.

Esta vai ser, segundo Rui Gomes Coelho, uma semana de trabalho intensivo, mas depois, o objetivo é ampliar o projeto e regressar a Cambedo no próximo ano.

O arqueólogo, natural de Vila Franca de Xira, trabalha na Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos da América.

A equipa é ainda composta por Xurxo Ayán Vila, arqueólogo galego que dirige o projeto de arqueologia comunitária do Castro de San Lorenzo em Monforte de Lemos, Lugo, a arqueóloga brasileira Márcia Hattoori, que tem trabalhado sobre a ditadura militar no Brasil, o arqueólogo galego Carlos Otero, e o luso-espanhol Rodrigo Paulos.

Para o vice-presidente da Câmara de Chaves, Francisco Melo, este projeto é importante porque ajuda a “conhecer as raízes” e a impedir que a história “desapareça da memória coletiva”.

“Houve guerra e a guerra não foi assim tão distante. Temos que conhecer para que não voltem a acontecer fenómenos destes. É a memória da guerra para preservação da paz”, salientou.

Agência Lusa

Sem comentários:

Enviar um comentário