O presidente da Câmara de Vila Flor disse hoje que quer dialogar com a administração dos CTT para reverter o encerramento dos correios, afirmando que tem um espaço disponível no centro da vila para acolher os serviços postais.
O posto dos CTT foi encerrado, tendo os seus serviços passado a ser prestados no quiosque de uma superfície comercial longe do centro da vila.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Vila Flor, Fernando Barros, avançou com uma proposta para que os advogados do município e dos CTT, em conjunto com a administração da empresa, tentem o diálogo para reverter o encerramento da estação de correios, com a promessa de ser cedido um espaço "nobre" mesmo no centro da vila, com as devidas condições de funcionamento para o serviço postal.
"As instruções dadas aos nossos advogados vão no sentido de promoverem uma reunião com os representantes legais e com a administração dos CTT para que se promova uma reunião entre as partes, para que tudo seja clarificado para bem das populações", explicou o autarca transmontano.
Segundo Fernando Barros, só através do diálogo se poderá demonstrar a vontade que a Câmara tem em resolver esta situação que, em sua opinião, " é prejudicial para os habitantes do concelho".
"Nós já tínhamos preparado um espaço em Vila Flor, sempre em diálogo com a empresa CTT, para o funcionamento do Posto de Correios. Esta solução de colocar os serviços postais num supermercado, situado na periferia da vila, está a causar mau estar na população, desde o passado dia 26 de dezembro", vincou o responsável.
Para o autarca, e após o TAFM "ter dado razão aos CTT", não se pode fazer mais nada do que criar melhores condições físicas para o atendimento da população, principalmente a mais idosa, que precisa de se deslocar para levantar as suas reformas.
Na vila do sul distrito de Bragança o tema do encerramento dos Correios é o mote para muitas conversas.
"É uma vergonha aquilo que fizeram com a população. O encerramento dos Correios criou muitos transtornos. Trata-se de uma pouca-vergonha para com o interior. Estávamos habituados em ir às estações dos CTT, onde havia privacidade, mas agora, fazem-se registo de documentos confidenciais no meio de um jogo das rasgadinha ou do euro milhões. Assim não pode ser e perde-se muito tempo", disse o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vila Flor.
O também funcionário da Santa Casa da Misericórdia local observou que há pessoas idosas que pretendem levantar as suas reformas e não conseguem, porque o local é longe do centro da vila e estão na fila "muito tempo".
"Temos idosos que chegam à Misericórdia para lhe trocarmos os vales da reforma, porque, dizem, não têm privacidade no novo local onde funcionam os correios e têm de estar muito tempo à espera e de pé", enfatizou.
Já Carina Ferreira, delegada empresarial numa empresa espanhola com representarão em Vila Flor, refere que tem mais de 120 de clientes e que trabalha "muito com os serviços dos CTT" para a distribuição dos seus produtos.
"O encerramento dos CTT vai-me levar a um processo de reorganização do negócio. Vou ter de repensar melhor a estratégia para o meu negócio, para perceber até que o ponto ele continuará a ser viável", frisou.
José Figueiredo, reformado, garante que só para renovar o apartado dos correios está a ver-se "atrapalhado" e não sabe "o que fazer".
"Este local fica muito distante e para quem não tem carro, vai ser muito difícil", enfatizou.
A população de Vila Flor, à semelhança de outras no Nordeste Transmontano, é unânime, afirmando que, com a retirada destes serviços públicos, o interior do país vai desaparecendo.
FYP // MSP
Lusa/fim
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