Nesta época, para além dos rituais católicos associados ao Santo Estevão há tradições como a corrida da rosca ou a galhofa que ainda se mantêm. Este jogo de luta tradicional e única quase se perdeu, mas devido ao esforço de preservação entrou mesmo no currículo do curso de desporto no Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
A galhofa já saltou da palha para o tapete de luta, dos currais para a sala de aula há mais de 10 anos. Mas a origem está em algumas aldeias do concelho de Bragança, como Grijó e Parada, e perde-se no tempo.
A junção desta tradição às festas cristãs terá contribuído para preservar este tipo de luta única no país. “Em Portugal, uma luta corpo-a-corpo que esteja mais ou menos documentado e se tivesse mantido até tão próximo de nós não conheço nem parece que haja. Provavelmente, porque foi associada às festas do Natal porque se não tivesse estado associado a um evento importante e religioso é bem provável que também tivesse desaparecido como desapareceu nas outras vezes do país onde houve também outras lutas parecidas a esta mas que foram desaparecendo”, entende José Bragada, natural da aldeia de Grijó de Parada, onde ainda se pratica este tipo de luta corpo a corpo. Mas quando a prática estava quase perdida o também professor do IPB resolveu integrar a galhofa na disciplina de desportos de combate da licenciatura de desporto.
“Sendo conhecedor deste jogo tradicional e para além disso sendo mais ou menos especializado na educação física e desporto verifiquei que esta actividade tinha potencial pelo menos igual a outras atividades que se importam do Japão e Coreia, esse tipo de artes marciais, que também ninguém conhece e acabam também por se impor e ter praticantes. Mas o objectivo primeiro era não deixar perder uma actividade que agora voltou a praticar-se, mas que há 15 a 20 anos estava a perder-se completamente”, afirmou.
Pelo menos 600 alunos já terão entrado em contacto com a galhofa a partir das aulas no IPB, onde são também organizados torneios anualmente.
O objectivo foi contribuir para a divulgação da prática com o propósito final de tornar a galhofa um desporto federado. Ainda não se chegou lá, mas a maioria dos passos necessário já foram dados. “O que tentamos fazer foi documentar melhor esta atividade e criar um regulamento, que não é definitivo, criar também um símbolo e um equipamento próprio, que tivesse a ver com esta mística de um jogo que é praticado à noite, no solstício de Inverno portanto associado estas festas religiosa, mas também profanas”, explicou.
E como suporte para curiosos e novos praticantes há mesmo um livro: “Galhofa: Luta Tradicional De Portugal” que José Bragada publicou sobre o jogo.
Tornar a galhofa num desporto federado continua a ser um objectivo, bem como incluir o jogo nas aulas de educação física nas escolas.
A tradição ancestral da Galhofa repete-se hoje em Grijó e amanhã em Parada, no concelho de Bragança.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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