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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Produtores de castanha de Bragança denunciam grupos que fazem do rebusco saque

O Agrupamento de Produtores de Castanha Transbaceiro, em Bragança, denunciou que a campanha deste ano ficou marcada por uma nova ameaça de grupos organizados que estão a transformar o tradicional rebusco num saque.
Tanto nesta como noutras culturas, nas zonas rurais existe o costume de os proprietários dos soutos permitirem no final da campanha que outras pessoas possam procurar e levar o que fica da apanha, no chamado rebusco.

O problema, segundo dirigentes da associação e produtores, é que este ano houve locais onde o rebusco foi feito na frente dos donos, ou seja, em soutos onde ainda não tinha sido feita a apanha, e está a ser usado para furtos daquela que é considerada o "petróleo transmontano", devido ao valor económico.

"Aquilo que era o aproveitamento de um fruto que já ninguém queria no tempo dos nossos pais e avôs, é agora o roubo institucionalizado", afirmou Alcino Afonso, produtor da zona de Espinhosela, onde se concentra a maior parte da produção de castanha, em Bragança.

Bragança e Vinhais são os maiores produtores de castanha e a região de Trás-os-Montes é responsável por 80% da produção nacional deste fruto seco que movimenta milhões de euros por ano.

Segundo Alcino Afonso, "todos os anos há castanha roubada, mas como este ano não".

O produtor explicou que chegou a esta cultura uma realidade que já afeta outras em diferentes zonas do interior do país, nos últimos anos, nomeadamente com furtos de azeitona, pinhas ou fruta diversa.

O agrupamento de produtores já realizou uma reunião para discutir o problema, na terça-feira à noite, onde a situação foi atribuída a "grupos de búlgaros" e "compradores sem escrúpulos" e temem que o caso piore "para o ano que vem".

"São aos 70 e os carros aos 20, 30 espalhados pelos soutos fora", apontou Alcino, acrescentando que os produtores têm falado e colaborado com a GNR.

Reconheceu que "não formalizaram queixas" e falou das dificuldades em lidar com a situação até porque, apesar de a GNR fazer patrulhamentos nos caminhos principais, os grupos conhecem os caminhos laterais.

"Uma tradição nossa não é para ser utilizada por quem quer que seja e transformada no roubo das castanhas dos produtores", reiterou.

Outro produtor, Manuel João, afirmou que nesta campanha foram furtadas "para cima de 20 toneladas de castanhas destas freguesias".

"Isto está a tornar-se um caso muito complicado. Há pessoas da minha freguesia que gostam de ir ao rebusco e têm medo de sair de casa porque andam aos 20 e 30 pelos soutos fora", contou.

A presença dos grupos de fora, segundo dizem "está a criar aqui um bocado de receio às populações".

"As populações estão envelhecidas, eles passam pelas aldeias, andam ao pé das casas, em todo o lado e ninguém lhes pode dizer nada, se alguém os enfrentar, eles não têm problema nenhum", afirmou Manuel João.

O agrupamento de produtores chamou um jurista - Manuel Vitorino - para analisar as possibilidades legais e que esclareceu que o mecanismo a que podem recorrer é o do direito à propriedade privada.

Embora o rebusco seja uma prática social antiga não é lei e quem entra nos soutos sem autorização está a violar o direito de propriedade, como explicou o jurista.

O problema para os produtores é como garantir este direito. "Vamos meter guardas privados a pagar?", questionou Alcino Afonso.

O presidente do Agrupamento e Produtores de Castanha Transbaceiro, Carlos Fernandes, anunciou que vão solicitar audiências aos presidentes dos municípios onde se concentra a produção nesta zona, nomeadamente Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros, para, até ao início de campanha de 2019, ajudarem a encontrar soluções para este problema.

O dirigente apontou também o dedo aos comerciantes, intermediários e vendedores, e inclusive a produtores que compram a castanha a estes grupos a preços baixos para venderem mais cara.

Agência Lusa

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