Segundo Mário Ferreira, a Mystic Tua, concessionária do Plano de Mobilidade do Vale do Tua, terá perdido 600 mil euros só em 2018, por ter o projecto parado. Do seu lado foi assegurado logo em 2017 a recuperação integral do troço Cachão – Brunheda (20 km), e a compra de um barco e de um comboio turísticos, pese embora este comboio não ter reunidas as condições necessárias para circular. Nota cómica, ainda recebeu da CCDR-N um processo contra a construção de muros no estacionamento da estação da Brunheda, alegadamente por causa… do seu impacto visual.
Mesmo com os contratos para as obras de consolidação de taludes entre outros assinados em Fevereiro último, nada avançou para o terreno, por desacordo sobre a responsabilidade da execução dos trabalhos. No site da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT) está escrito que “a ADRVT obriga-se a executar, por si ou por terceiro – acordado pelas partes ser com o operador – as medidas adicionais de estabilização dos taludes em escavação e aterro (…), ficando o operador com a execução enquanto dono de obra, a ADRVT, IP e a EDP com o financiamento.”
Ora Mário Ferreira afirma que do seu lado, tudo o que deveria ter sido feito, já foi feito, e relega para a ADRVT a execução de mais obras, sobretudo depois do episódio com a CCDR-N. Não é isso que se depreende da transcrição acima. Incompreensível é também a ida do Presidente da ADRVT a Lisboa para solicitar que fosse reinstaurado o Comité de Acompanhamento da obra, composto por entidades públicas como a Infraestruturas de Portugal, o IMTT e a CP. Pergunta: e porque foi ele sequer dissolvido ou travado em primeiro lugar?!
O ultimato foi dado: Mário Ferreira espera mais um ano para que tudo se resolva. E, no caso de uma cada vez mais possível desistência da Mystic Tua, que pelos vistos esteve já prestes a acontecer, caberá à ADRVT acautelar desde já esse cenário, sob pena de novamente, por total incúria de organismos públicos, a Linha do Tua pagar a derradeira factura da incompetência grosseira com que tem sido gerida desde há 35 anos.
Relembro que desde 17 de Dezembro de 2018 não circulam comboios nos 16 km até então transitáveis da Linha do Tua, para permitir obras no troço Mirandela – Cachão, paragem essa desnecessária, pelo que o reatamento das circulações ferroviárias deveria avançar sem mais delongas. O descrédito do projecto entre a população e utentes é total, e o avanço destas obras no terreno dificilmente será concluído até ao final do ano, como acalenta o Presidente da ADRVT.
A Linha do Tua, ao invés de infra-estrutura dinamizadora de investimentos e bem-estar, tem sido tratada como verbo de encher, saco de pancada, piada seca e de circunstância. Um verdadeiro símbolo da mediocridade de sucessivos ministros da tutela e autarcas locais. Estas decisões pagam-se caro, mas geralmente pela própria população local, impedida de a utilizar ou dela usufruir. Uma pergunta impõe-se: quem é o responsável desta vez? Cresçam. Senão, como dizia o outro, “Ou Tua, ou rua!”.
Daniel Conde
in:noticiasdonordeste.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário