Cão de Gado Trasmontano (2008). Autoria: Manuel Barroco |
Manuel Barroco nasceu em 1940, na aldeia de Quintas das Quebradas, concelho de Mogadouro, tendo-se licenciado em Escultura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, dividindo a sua atividade entre Mogadouro e Lisboa, onde tem os seus ateliers, desenvolvendo um intenso trabalho na área da escultura. A ligação à terra natal e a inspiração que aí vai buscar para as suas obras está bem patente nestas palavras: “Faz-me falta vir aqui.
Os cheiros, as cores e até o frio, fazem-me sentir bem. Gosto de chegar a uma aldeia e sentir o cheiro às giestas a arder, ao caldo verde e à cozedura dos butelos”.
As duas esculturas da sua autoria que se encontram em Bragança, O Cão de Gado Trasmontano e Os Mascarados, atestam o seu mérito como escultor.
O primeiro monumento, de homenagem ao cão de guarda trasmontano, seria colocado na plataforma central da Avenida Abade de Baçal, e os argumentos apresentados para a pertinência do tema foram os seguintes: “Sendo o cão de gado trasmontano, animal nobre, companheiro inseparável do solitário pastor e valente guardador de rebanhos, com funções específicas de guarda contra o ataque do lobo existente nesta região montanhosa, que se caracteriza por campos íngremes de pastos de difícil acesso rodoviário, adaptou-se às condições da região e ao tipo de gado ovino e caprino que tradicionalmente tem pastagem nesta área, em perfeita simbiose com as condições e o tipo de trabalho que lhe foi solicitado”.
Correspondendo a esta sugestão, o artista aponta três itens na memória descritiva que presidiram à sua composição: o animal, como elemento mais importante do grupo escultórico, era colocado num plano mais elevado relativamente às outras figuras, e em posição de guarda, em cima de uma rocha; todo o conjunto era organizado longitudinalmente, em função do sentido do trânsito, de forma a facilitar a leitura simbólica pelo observador, contribuindo para tal facto a utilização de figuras vazadas e o afastamento de todo e qualquer elemento secundário; e ainda, para recriar o ambiente onde se enquadra a vivência do cão, eram colocadas rochas de granito e de xisto da região, bem como uma árvore, simbolizando a ambiência onde o rebanho e o pastor se inserem de forma natural.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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