Já decorreram as festividades dos santos de Janeiro, os santos do fumeiro. Dia 15 foi o dia de Santo Amaro, conhecido como o santo buteleiro, porque nalgumas localidades é costume, nesse dia, comer-se o salpicão de ossos, também conhecido por butelo. Dia 17 foi o dia dedicado a Santo Antão, festejado em Caravela (Bragança), aldeia onde casei. Nesse dia tem sido obrigatório ir comer a casa da minha sogra o butelo, a suã, o pernil e as orelheiras, num grande cozido à lombardeza. Dos três santos, o mais popular é o S. Sebastião, que se festejou no dia 20. Muitas das nossas terras têm capela própria, dedicada a este santo, construída à entrada ou à saída da povoação, para não deixar entrar a fome, a peste e a guerra. Uma das localidades do nosso distrito em que é muito festejado é Brunhosinho (Mogadouro), com a festa das chocalhadas de S. Sebastião, que duram quatro dias, como nos contou a tia Arminda.
No início da semana passada as paisagens da nossa região foram embelezadas por fortes geadas. Como nos disse o tio Manuel, de Argozelo (Vimioso), “aqui as árvores ficaram todas da mesma cor!”. Na última semana também a chuva não quis deixar de exercer funções neste Inverno e visitou-nos durante três ou quatro dias.
Nestes dias festejaram a sua vida connosco, assinalando mais um aniversário o Tiago Mendes (14), de Lagoas (Valpaços); Fernando Estevinho (70), de Paredes (Bragança); Ruben Ferreira (17) e o seu primo Gabriel Ferreira (18), de Canavezes (Valpaços); Maria Emília Ferreira (90), de S. Martinho (Miranda do Douro); Rosalina (54), de Rebordelo (Vinhais); Maria José Maravilhas (50), de Bragança; Edite Alves (44), de Vale de Lamas (Bragança); Luís Pires (25), de Milhão (Bragança). Que para o ano festejem outra vez o seu aniversário com a nossa família.
Agora vamos conhecer melhor a tia Maria da Graça Afonso, de Agrochão (Vinhais).
No Domingo passado estivemos, por mais um ano, em directo de Agrochão (Vinhais), a promover a «XXI Feira de Produtos da Terra», com o «Especial Domingão do Bom Dia Tio João». Mais uma vez foi um programa muito dinâmico e preenchido com a participação de muitos elementos da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Agrochão, liderados por Maria da Graça Afonso, que vos apresento.
A tia Maria da Graça nasceu em Eiras Maiores, Penhas Juntas (Vinhais), em 1941. Actualmente com 78 anos, disse-nos que teve “uma infância como qualquer outra criança daquela época, pois como não havia televisão, o tempo era passado à lareira, contando histórias, cantando e rezando”. Quando jovem, “ensinaram-me a cultivar a terra e a tratar dos animais”.
Fez a 4.ª classe e, aos 18 anos, começou a trabalhar como regente escolar. O 2.º e 5.º anos do liceu foram feitos como externa e o director escolar da altura, Prof. Vaz Pires, ajudou várias pessoas com bolsas de estudo, como foi o seu caso. Depois do 5.º ano entrou no Magistério Primário, terminando em 1972, ano em que foi para Luanda (Angola) leccionar até 1975. Lá lhe nasceram dois filhos.
Como professora primária leccionou nas aldeias de Moaz (Vinhais), Teixeira (Miranda do Douro), Fonte da Urze e Lamas de Orelhão (Mirandela), Mogrão, Ferreira e Vilarinho de Agrochão (Macedo de Cavaleiros), Eiras Maiores, Vilar dos Peregrinos, Negreda e Falgueiras (Vinhais), Paçó de Outeiro (Bragança), terminando a sua carreira docente em Agrochão (Vinhais), onde casou e vive.
Recorda que “em todas essas terras ensinou, mas também aprendeu muito”. Tinha por hábito “fazer uma festa de final de ano escolar, com peças de teatro, canções e jogos de roda, abertos a toda a população”. Para o efeito ensaiava as crianças nos intervalos das aulas. Mais tarde fez a licenciatura no Instituto Jean Piaget, em Macedo de Cavaleiros.
Depois da reforma, como passou a ter mais tempo disponível, dedicou-se ao Centro Social e Paroquial de São Mamede de Agrochão, onde foi directora técnica durante 10 anos, “sem levar um centavo, poupando cerca de 100 mil euros à instituição”.
Também exerceu a função de presidente da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Agrochão. Actualmente ainda mantém as funções de secretária do Centro Social e Paroquial de São Mamede de Agrochão.
Por ela ficámos a saber que “o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), está a fazer uma recolha de áudio daquilo que eu sei, integrado no projecto «Viva@vó», do IPB”, acrescentado que “actualmente o IPB tem um projecto com o seu nome, chamado «Projecto Maria da Graça»”.
Da nossa parte desejamos-lhe muita saúde para poder continuar a divulgar e a promover a sua sabedoria.
Tio João
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