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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

O Risco e o Medo

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...) 

No início de 2018, precisamente dois anos antes da declaração da Pandemia Covid19 pela OMS, foi publicado o livro FACTFULNESS escrito pelo médico sueco Hans Rosling (falecido em 2017), em co-autoria com o seu filho Ola Rosling e a sua nora Anna Rosling Rönnlund. A partir da Base de Dados, elaborada pelo trio através da Fundação Gapminder, o consultor e especialista em Saúde e Desenvolvimento disserta sobre a atualidade e sobre o futuro próximo, tanto quanto é possível prever, com alguma certeza. Otimista quanto ao trajeto ascendente dos níveis sanitários e económicos mundiais, aponta, contudo, alguns riscos globais e, de entre todos, faz especial referência a cinco, por esta ordem: Pandemia global; Colapso Financeiro; Terceira Guerra Mundial; Alterações Climáticas e Pobreza Extrema.

Obviamente que o autor não podia imaginar quão perto estávamos de enfrentar a primeira nem como a segunda, por causa dessa, rondou o mundo inteiro, confinado e obrigado a ter de escolher entre a Saúde e a Economia. Curiosamente um dos que mais o preocupava e que, embora lhe causasse muitos receios, as Alterações Climáticas, sofreram um impulso positivo, relevante, mesmo que provisoriamente. Já no que toca à Pobreza, a trajetória ascendente, no bom caminho, sofreu um revés pois foi aos mais fracos, mais indefesos e mais desprotegidos que a calamidade mais afetou, direta e indiretamente.

Tal como com a pandemia, embora de forma menos evidente, também no progresso mundial, o destino comum depende de todos. O bem estar dos outros contribui positivamente para o nosso bem estar. Por isso mesmo a defesa e promoção do bem público é de interesse comum e não pode ser prejudicada pelos interesses pessoais que não sejam legítimos. Infelizmente esse é também um risco que, entre nós, mais uma vez se perfila, no dealbar de mais uma campanha eleitoral, onde, entre outras se vai jogar uma arma muito eficaz: o medo.

Também o medo é abordado por Hans sobre o qual tece várias considerações e, para as ilustrar, conta um episódio pessoal.

Em 1975, estando de serviço num hospital sueco, entrou-lhe pela urgência dentro um piloto militar, a esvair-se em sangue e a falar russo. O medo inicial evoluiu, num ápice, para pânico. A Rússia tinha invadido a Suécia. A Terceira Guerra Mundial tinha começado! Felizmente a enfermeira-chefe chegou a tempo de o trazer à realidade. A vítima era um instruendo sueco cujo avião caíra no mar e por causa da hipotermia não conseguia articular corretamente as palavras. E o que lhe parecia uma hemorragia exagerada mais não era que um líquido vermelho que os coletes salva-vidas largam para sinalizarem a posição do náufrago, no caso de queda no oceano.

Se o medo pode transformar um piloto aprendiz num feroz combatente, se devidamente explorado, igualmente faz de um mediano comentador televisivo de futebol, num promissor político nacional e poderá também transformar um medíocre gestor, num excelente Presidente de Câmara. Cabe-nos fazer de enfermeira-chefe, desmascarar os riscos imaginários, explicar a realidade e desmistificar os perigosos cenários que só existem na mente de quem nos quer vender gato por lebre. Numa palavra, é preciso enfrentar e combater o medo e desmascarar os seus promotores e divulgadores.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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