“O Dia da Sobrecarga da Terra assinala o dia em que a necessidade de recursos e serviços ambientais por parte da Humanidade excede a capacidade do Planeta Terra para regenerar esses mesmos recursos”, explica a hoje a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável em comunicado enviado à Wilder.
A partir de hoje temos de usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de Janeiro de 2022.
Em 2020, este mesmo dia foi assinalado a 22 de Agosto, como resultado da paragem brusca a nível mundial causada pela pandemia. Esta levou a uma redução muito significativa da actividade económica em praticamente todo o planeta.
“Este ano verifica-se o expectável: na ausência de medidas estruturais que promovam um novo paradigma de desenvolvimento, a Humanidade voltou à sua tendência para acionar o cartão de crédito ambiental cada vez mais cedo, tendência apenas interrompida em 2020 devido a fatores conjunturais. Aliás, o dia da sobrecarga do planeta em 2021 é igual ao de 2019 – 29 de julho, demonstrando um claro alinhamento com a preocupante tendência dos últimos anos.”
Esta sobrecarga traz impactos que todos já conhecemos: alterações climáticas, perda de biodiversidade e eventos climatéricos extremos.
No entanto, está ao nosso alcance viver com qualidade e dentro dos limites do nosso planeta, sublinha a organização que, todos os anos desde 2003, faz estas contas, a Global Footprint Network.
A 29 de Julho de 2021, esta organização lançou a iniciativa 100 Days of Possibility. Esta iniciativa pretende revelar diariamente uma solução que pode ser replicada, que já está disponível e que é eficaz até à COP26, em Glasgow, a cimeira que é considerada a última hipótese para os Governos dos países mostrarem que estão empenhados no Acordo do Clima de Paris para travar as alterações climáticas.
O objectivo desta iniciativa é mostrar soluções que já estão a ser aplicadas por cidades e empresas por todo o mundo e que contribuam para adiar o Dia de Sobrecarga do Planeta um pouco mais.
“Não há nenhum benefício em aguardar para tomar medidas, independentemente do que venha a acontecer na COP,” disse, em comunicado, Laurel Hanscom, CEO da Global Footprint Network. “A pandemia demonstrou que a humanidade pode mudar rapidamente perante um desastre, apesar de custos económicos e humanos. Os Governos, instituições e indivíduos que se prepararem vão lidar melhor com as alterações climáticas e as restrições de recursos naturais. Um consenso global não é pressuposto para reconhecermos o risco a que se está exposto, por isso temos de decisivamente agir agora, estejamos onde estivermos”, acrescentou.
A plataforma #MudaaData (#MoveTheDate) tem vários exemplos que incluem a redução do desperdício alimentar, energia inteligente, cimento com baixo teor de carbono, estratégias municipais de desenvolvimento orientadas pela Pegada Ecológica, bem como iniciativas de turismo de baixa Pegada Ecológica.
A portuguesa ZERO defende uma tomada de consciência urgente para a necessidade de alterar o paradigma de desenvolvimento, para conseguirmos promover uma economia que garanta qualidade de vida para todos dentro do respeito pelos limites do planeta.
Como podemos promover a mudança
Segundo a ZERO, se reduzirmos a pegada de carbono em 50% isso permitir-nos-á acionar o cartão de crédito ambiental 93 dias mais tarde (início de Novembro).
Se reduzirmos a nossa pegada ligada à mobilidade em 50% e se assumirmos que um terço dos quilómetros são substituídos por transporte público e os restantes pela bicicleta e andar a pé, acionaremos o cartão de crédito ambiental 13 dias depois (para a segunda semana de Agosto).
Se reduzirmos o consumo de carne em 50% e substituirmos essas calorias por uma alimentação vegetariana, o cartão de crédito seria acionado 17 dias depois (meados de Agosto), com 10 desses dias a resultarem das emissões de metano evitadas.
A redução do desperdício alimentar para metade permitirá atrasar o Dia da Sobrecarga do Planeta em 13 dias (para a segunda semana de Agosto).
Tal como um extrato bancário dá indicação das despesas e dos rendimentos, a Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).
A Pegada Ecológica mede o uso de terra cultivada, florestas, pastagens e áreas de pesca para o fornecimento de recursos e absorção de resíduos (dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis). A biocapacidade mede a quantidade de área biologicamente produtiva disponível para regenerar esses recursos e serviços.
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