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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Os Falcatrueiros

 Os falcatrueiros existem desde que o ser humano se conhece. Fazem parte da essência das coisas que nem seriam o que são sem eles, pois uma das exclusividades do ser humano é prejudicar deliberadamente o seu semelhante mais não seja por malícia.
De um modo geral e numa primeira impressão, os aldrabões caiem-nos em cima da simpatia e adormecem-nos o olhar de alerta. Essa, é aliás, a sua mais eficiente arma aliada à capacidade de fazer uma coisa parecer-se com o que ela não é.
Especialistas na tramóia, são exímios na arte de vender gato por lebre e na arte de nos fazer acreditar no impossível, inclusivamente quando aos mais incautos que somos todos prometem a lua como se ela fosse sua, quando se escondem na sombra para nos fazer ver o sol brilhar nos campos floridos dos nossos desejos.
Por isso nos enganam frequentemente fazendo de nós tolos principalmente quando se nos apresentam com ar de todo o respeito exibindo teres e haveres fora do alcance do mais comum dos mortais, erguendo-se em imagem ao Olimpo exclusivo dos eleitos.
Em Portugal desde há muitos anos com forte tendência de surgimento nas últimas décadas, os especialistas em negociatas pulularam a olhos vistos, grávidos de si e de mais a importância que a sociedade lhes foi dando, enganadoramente ciosa do seu valor e da sua habilidade para as coisas bem feitas mesmos que fiquem para lá da linha que separa bem e o mal.
Nunca fomos um povo de meter ombros para se erguer obra que fique e que frutifique. Deu-nos sempre mais para a negociata, para o tráfico de influências, criando condições para que outros façam acontecer, enquanto nos deliciamos com o usufruto da espuma que fica e com o dar a parecer que somos para que achem que temos.
Permitimos então que deuses menores com pés de barro esmigalhado, ocupassem os alteres da reverência, manipulando a seu bel-prazer e para jeito de certas manigâncias, mundos e fundos orientados por especialistas em truques financeiros e desenhadores de labirintos assaz intrincados e de difícil percorrer.
Assim se esconderam e assim foram perpetrando malfeitorias financeiras de toda a espécie. No entanto, agora, começam a ver-se-lhes destapadas as carecas obviamente reluzidas e invólucros de cérebros escassos de ética, mas sem espaço para mais a ganância que lhes está em pleno.
No decorrer do tempo foram-se sentindo impunes. Por isso, fizeram alarde da sua imponência e da sua riqueza adquirida graças à sua superior esperteza galanteada em todos os momentos e em todos os cantos. Esqueceram-se da sabedoria popular que diz que não há bem que não acabe nem mal que sempre dure.
Descobertos que foram porque se desfiou a teia, pelo menos parcialmente, foram inquiridos, mas não se sentiram temidos. Perante os altos dignatários que lhes colocavam as perguntas, punham aquele ar do rapaz traquina que desafia o amigo para correr atrás dele a ver se o apanha, confiante que não.
Com espalhafato foram detidos e ouvidos. Resta saber se assumindo serem tão pobres como Jó, se irão continuar a rir de nós, esperando que a tempestade passe enquanto os que pagaram e pagam ficam a ver navios sem que nos devolvam mais não seja a decência que nos roubaram enquanto Nação secular.

Manuel Igreja

1 comentário:

  1. -Tal e qual e, vejam como quando os trafulhas são "cá da terra" ou região se não os desculpamos e, fugimos deles "como o diabo da cruz" temos tendendencia a falar como se estas zonas não originassem tais vigaristas do erário público mas, infelizmente não é assim. por isso este poema/prosa diz: "Este país está infestado / de ladrões de colarinho branco / e muitos ratos de caserna / alguns destes vão para a pildra / àqueles outros ninguém lhes passa a perna.

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