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Os nenúfares são plantas que crescem em ecossistemas lênticos, ou seja, ambientes aquáticos de águas paradas ou lentas, nomeadamente mangais, pântanos, ribeiras e margens de lagos.
Estas plantas, para além de belas, têm diversas funções biológicas úteis para os lagos, para tanques e para qualquer lençol de água onde habitam.
Em Portugal existem duas espécies nativas lindíssimas, que precisam de cuidado e atenção. O nenúfar-amarelo (Nuphar lutea subsp. luteum) e o nenúfar-branco (Nymphaea alba), espécies da família Nymphaeaceae.
O Nenúfar-amarelo
O nenúfar-amarelo (Nuphar lutea subsp. luteum), também conhecido de boleira-amarela, figos-de-rio-amarelos, golfão-amarelo, é o maior dos nenúfares nativos. É uma planta aquática, com rizoma horizontal, carnudo e grosso. As folhas e flores emergem acima da água cerca de 30 centímetros, em pecíolos longos e separados.
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As folhas são grandes, inteiras, planas, elípticas a obtusas, em forma de coração. De cor verde-escuro, levemente coriáceas, apresentam margem inteira, por vezes ondulada e com um recorte basal, bastante marcado e profundo. Geralmente flutuam na água ou então ficam eretas ligeiramente acima da mesma.
As flores são flutuantes, solitárias, globulares e perfumadas, e podem ter entre 4 a 6 centímetros de diâmetro. A corola possui numerosas pétalas, cerca de 20, dispostas em espiral. As pétalas são obovadas, amarelas e brilhantes, geralmente mais pequenas do que as sépalas que as envolvem. As sépalas são cinco, glabras e verdes na parte exterior e amarelas internamente.
O período de floração do nenúfar-amarelo é longo, podendo ocorrer a partir de março até setembro. No entanto, a maior profusão de flores ocorre nos meses de verão, de julho a setembro.
O fruto é ovóide a cónico, em forma de garrafa ou de pêra e, geralmente, mantém-se a flutuar na água até libertar as suas pequenas sementes.
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Ao contrário da maioria dos nenúfares, esta espécie pode manter as folhas flutuantes durante todo o inverno.
A designação científica do nenúfar-amarelo está muito relacionada com as suas características morfológicas. O nome do género Nuphar é o nome latino, de origem árabe, dado ao nenúfar ou ao lírio-de-água, nome comum pelo qual é conhecido em outras regiões do mundo. O restritivo específico lutea deriva do latim e deve-se à cor amarela das pétalas.
O Nenúfar-branco
O nenúfar-branco (Nymphaea alba), conhecido por golfão-branco, boleira-branca, figos-de-rio e adargas-de-rio, possui também caule subterrâneo (rizoma), horizontal e aquático, e folhas e flores flutuantes sustentadas por longos pecíolos.
As folhas são carnudas, cerosas, verde-escuras na página superior e avermelhadas na página inferior. As folhas inferiores encontram-se geralmente submersas e as folhas superiores surgem flutuantes ou por vezes emergidas, em pecíolos longos.
Ao contrário do nenúfar-amarelo, esta espécie perde as folhas durante o inverno.
As flores são hermafroditas, ligeiramente perfumadas, flutuantes, e podem ter entre 5 a 12 centímetros de diâmetro. A corola é composta por pétalas brancas, oblongas a ovais. O cálice é composto por quatro sépalas ligeiramente coriáceas, lanceoladas e glabras, verdes externamente e brancas interiormente.
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A floração do nenúfar-branco ocorre geralmente durante a primavera, entre os meses de abril e maio, mas pode prolongar-se até ao final do verão.
O fruto é ovóide a esférico e amadurece debaixo de água, libertando as sementes lisas e flutuantes.
A designação científica desta espécie é também bastante particular. O nome genérico Nymphaea deriva do grego nymphaia que significa ninfa – divindade associada a corpos de água, nome grego dado aos nenúfares e aos lírios-de-água, das águas. O termo alba deriva do latim albus, que significa albo, branco.
Reis dos lagos
O nenúfar-amarelo e o nenúfar-branco possuem uma distribuição nativa muito próxima. São espécies nativas da Europa, Oeste da Ásia e Norte de África. Em Portugal, surgem espontaneamente um pouco por todo o território continental, sendo mais comuns na faixa do litoral, em ambientes de água doce estagnada ou de corrente fraca, habitualmente em locais de meia sombra ou pleno sol e em solos arenosos e pobres. O nenúfar-branco também ocorre no arquipélago dos Açores, onde foi introduzido.
Ambas as espécies são muito ornamentais. No entanto, as populações nativas do nenúfar-amarelo encontram-se em declínio em Portugal, tendo já desaparecido de várias zonas húmidas. O nenúfar-branco é mais comum, sendo muito usado como elemento decorativo de jardins aquáticos, em tanques e pequenos lagos.
Os nenúfares e as plantas aquáticas, em geral, possuem uma elevada importância ecológica. Têm a função de absorver nutrientes em demasia e oxigenar a água, ao mesmo tempo que autorregulam a temperatura daquela e sustentam a vida aquática.
Estas plantas fornecem sombra, abrigo e alimento a muitos animais aquáticos. Durante o inverno a área foliar destas espécies é reduzida, o que facilita a entrada de luz no lençol de água onde habitam. No verão, a vasta camada de folhas flutuantes que formam à superfície da água evita que esta aqueça excessivamente, além de reduzir a incidência de raios UV.
Além destes benefícios, os nenúfares também servem de suporte para rãs, sapos e outros animais que vivem em ambiente aquático e que gostam de permanecer à superfície da água por algum tempo.
Propriedades terapêuticas
Além do interesse ornamental e ecológico, estas espécies também possuem propriedades terapêuticas muito interessantes, sendo-lhes apontadas propriedades anódinas, antiespasmódicas, adstringentes, cardiotónicas, emolientes, hipotensores, entre outras.
As flores são anafrodisíacas e sedativas, muito devido à presença de nupharine e nympaeine, substâncias com efeito calmante e sedativo sobre o sistema nervoso e que supostamente reduzem o impulso sexual. Também são usadas no tratamento de insónias, ansiedade e outros distúrbios semelhantes.
Estudos recentes revelam que o nenúfar-amarelo possui um papel importante no tratamento de inúmeras doenças, muito devido a um vasto leque de compostos químicos (em particular alcalóides) capazes de “morte celular programada”, uma nova abordagem para o tratamento de doenças como o cancro, Alzheimer, Parkinson, entre outras.
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Já o nenúfar-branco pode ser usado externamente para o tratamento de queimaduras, inflamação da pele, úlceras e abcessos. Também pode ser usado no tratamento de catarro, dores renais, disenteria e diarreia. Também lhe foi conferido um papel importante no tratamento do cancro uterino.
Estes nenúfares também foram durante muitos anos conhecidos como uma valiosa fonte de alimento. Alguns povos e tribos de várias regiões do mundo, onde estas espécies são nativas, colhiam os rizomas e sementes para a confecção de farinhas ricas em amido e proteína. As sementes eram torradas e usadas como substituto do café ou então, depois de cozinhadas, davam origem a uma “pipoca” crocante (Kershaw).
Por todas estas razões, numa próxima saída junto a lagos, lagoas ou outros cursos de água, explore a beleza destes nenúfares e lembre-se de que, além da beleza das suas flores, possuem um papel muito importante na conservação da fauna e flora aquática, bem como da qualidade da água. Por isso é muito importante a sua conservação.
Dicionário informal do mundo vegetal:
Elíptica – folha com forma que lembra uma elipse, mais larga no meio e com um comprimento que é duas vezes a largura.
Obtusa – folha cuja forma termina em ângulo obtuso.
Coriácea – que tem uma textura semelhante à casca da castanha ou do couro.
Obovada – pétala com a forma de um ovo invertido, mais estreita na base do que no ápice.
Oblonga – pétala com forma alongada e estreita e com os polos arredondados.
Lanceolada – sépala com a forma semelhante a uma lança.
Glabra – sem pelos.
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