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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Conservação do tartaranhão-caçador reforçada com projeto que junta produtores de cereais e agentes de proteção da natureza

 A conservação do tartaranhão-caçador (Circus pygargus), também denominado por águia-caçadeira, ganhou um novo reforço com a criação de um projeto, lançado publicamente em julho de 2021, que junta produtores nacionais de cereais e agentes de proteção da natureza com o objetivo de salvar esta espécie de ave de rapina estepária em risco de extinção em Portugal.

Crias de tartaranhão-caçador. Still de vídeo Gonçalo Mota/Palombar.

PROJETO tem como promotores o Clube de Produtores Continente (CPC), a Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC) e o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/BIOPOLIS) da Universidade do Porto. Conta ainda com a colaboração do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Um dos seus principais propósitos é valorizar o contributo das searas de trigo nacionais para a promoção de biodiversidade de aves, incluindo a de espécies ameaçadas como o Circus pygargus. O projeto arrancou com foco de intervenção na região do Alentejo.

Os agricultores e proprietários de terrenos estão já a ajudar ativamente na identificação das colónias destas aves, que nidificam em campos cerealíferos, enviando ao CIBIO/BIOPOLIS e ao ICNF informações sobre os avistamentos das aves, o número de animais e, sempre que possível, o sexo dos mesmos, além de implementarem voluntariamente medidas de proteção dos ninhos e crias (delimitando o espaço em que estes se encontram, para que não haja atividade de máquinas agrícolas e instalando proteções anti predadores, por exemplo). Até ao momento já foram acompanhadas 13 ceifas de 26 produtores nacionais para implementar estas medidas.

A organização não governamental de ambiente Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural considera que este é um projeto fundamental para garantir a conservação do tartaranhão-caçador no território nacional. Os promotores deste projeto, em colaboração e articulação com a Palombar, que tem igualmente desenvolvido trabalhos de proteção desta rapina no Nordeste Transmontano, estão a trabalhar para promover a conservação da espécie nas suas principais zonas de ocorrência, o que permitirá homogeneizar as ações no terreno, a partilha e a discussão de resultados, e promover a sua salvaguarda de forma abrangente e coordenada em todo o país.

Palombar arrancou em 2020 com ações de proteção do tartaranhão-caçador no Nordeste Transmontano

Em 2020, a Palombar arrancou com AÇÕES DE PROTEÇÃO e conservação do tartaranhão-caçador no Nordeste Transmontano, mais especificamente no Planalto Mirandês, em estreita colaboração com os agricultores locais.

Desde então, e também enquadrado em ações do seu projeto "RECONECTA-TE À NATUREZA  - As aves fazem mais do que cantar”, a Palombar tem implementado medidas no terreno para conservar a espécie, tendo já protegido, no período 2020-2021, cinco ninhos de tartaranhão-caçador e anilhado 18 indivíduos, incluindo crias e adultos. A organização está igualmente a realizar um censo da espécie na região. No âmbito daquele projeto, a Palombar produziu ainda o vídeo “Proteger a rapina das searas”, que sensibiliza para a importância de proteger o tartaranhão-caçador.

Ninho de tartaranhão-caçador protegido em ações realizadas pela Palombar. Fotografia Palombar.

O tartaranhão-caçador é uma rapina migradora que tem um estatuto de ameaça “Em perigo” de extinção, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e as suas populações têm registado um declínio continuado no território nacional. Os casais nidificantes desta espécie no país representam cerca de 13 por cento da população europeia (excluindo a Rússia). Esta é uma espécie de conservação prioritária em Portugal e que está protegida através da transposição para a legislação nacional da Diretiva Aves da União Europeia, e das Convenções de Berna, de Bona e de Washington. A região Nordeste do país regista um efetivo populacional relevante de tartaranhão-caçador e, tendo em conta esta realidade, a Palombar tem desenvolvido ações dirigidas para esta espécie com o objetivo de monitorizar as suas populações e detetar casais e ninhos existentes no território, sobretudo no Planalto Mirandês.

Para que seja possível cumprir os dois principais objetivos de conservação do tartaranhão-caçador em Portugal: manter/aumentar a população nidificante e conservar as zonas de nidificação e alimentação, é essencial a implementação de medidas agroambientais e planos de gestão do território e da espécie que envolvam as comunidades locais, bem como a realização de censos nacionais e monitorização da população, de forma a quantificar os seus reais efetivos e identificar os locais onde nidificam, assim como avaliar a evolução das suas populações ao longo dos próximos anos.

Tartaranhão-caçador: o exímio predador

O tartaranhão-caçador ou águia-caçadeira, a mais pequena das águias europeias, é uma espécie exímia na arte da caça e da predação e não é por acaso que os adjetivos “caçador” e “caçadeira” integram os seus nomes comuns. Esta rapina apresenta movimentos ágeis, rápidos, silenciosos e precisos e tem, por isso, uma grande habilidade para caçar presas vivas de pequenas dimensões. O tartaranhão-caçador é uma espécie nidificante estival, pelo que só está presente no território nacional a partir de meados de março até setembro. Esta espécie passa o inverno em África.

Fêmea de tartaranhão-caçador. Still de vídeo Gonçalo Mota/Palombar.

O macho apresenta uma plumagem cinzento-azulada, asas muito compridas e estreitas, corpo esguio e cauda comprida e estreita, de coloração negra. Em voo, distingue-se uma banda preta nas penas secundárias. A fêmea e os juvenis apresentam uma plumagem de tons castanhos-arruivados.

O seu habitat de eleição são áreas predominantemente desarborizadas, com solos secos ou húmidos e associadas a zonas agrícolas, principalmente culturas cerealíferas, arvenses e forrageiras. Reproduz-se em zonas seminaturais caracterizados pela cerealicultura extensiva, embora se possa reproduzir também nos planaltos serranos do centro-leste e norte e ainda em zonas costeiras. Na região mediterrânica, estima-se que 90% dos casais nidificam no interior de searas.

O tartaranhão-caçador alimenta-se essencialmente de pequenas presas: aves, pequenos mamíferos, insetos e lagartos. Apesar de ser considerado um predador generalista, a sua dieta pode apresentar especificidade a nível local na seleção de presas.

Os principais fatores de ameaça para esta espécie são: atividade da ceifa, intensificação da agricultura, abandono agrícola, utilização de agroquímicos, florestação das terras agrícolas, expansão de cultivos lenhosos, perturbação provocada pelas atividades humanas, abate ilegal, pilhagem e destruição de ninhos, e aumento de predadores de ovos e crias.

A conservação das populações de tartaranhão-caçador promove o equilíbrio dos ecossistemas e beneficia diretamente os agricultores e as suas culturas, pois esta espécie é predadora de pequenos mamíferos roedores e insetos consumidores de sementes e vegetais diversos e contribui para travar o aumento excessivo das suas populações.

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