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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Guerra Junqueiro: "Alberto"

 Alberto tinha seis anos. Era filho de um jardineiro. Via seu pai e seus irmãos, que eram ativos e laboriosos, plantar árvores e fazer sementeiras, que nasciam, cresciam e davam fruto. Tinha visto um único feijão produzir cem feijões e muitas vezes mais, e de uma talhada de batata nascerem quarenta batatas magníficas; sabia que a terra pagava com juros exorbitantes o que lhe emprestavam. Um dia achou uma libra no quarto do pai, e foi enterrá-la imediatamente no seu jardinzinho. “Há de nascer uma árvore, dizia ele consigo, que dará libras como uma cerejeira dá cerejas, e irei entregá-las ao papá, que ficará muito contente.” Todas as manhãs ia ver se a libra tinha nascido, mas não rebentava nada. Entretanto o pai procurava a libra por toda a parte. Por fim perguntou ao Albertinho se a tinha visto.

Vi papá; achei-a e fui semeá-la.

Como, semeá-la? doido! julgas talvez que vai nascer como uma couve?

Mas, papá, ouvi dizer que o ouro se encontrava na terra.

É verdade, mas não nasce como uma semente; o ouro não tem vida.

Desenterrou-se a libra, e Alberto foi castigado por dispor do que lhe não pertencia.

Há contudo, meus filhos, uma maneira de semear o ouro, fazendo-lhe produzir os mais belos frutos que existem no mundo. Quereis saber como é? é dando-o aos pobres. Faz-se no Paraíso a colheita dessa sementeira.

Fonte: 
Guerra Junqueiro: "Contos para a Infância", Publicado originalmente em 1877. 

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