Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
A vida dos pequenos demudou-se completamente. Dormiam num quarto pequenino. Mais tarde transformam-no em galinheiro.
Levantavam-se muito cedo. Trindade Coelho, possuía hortinha para cuidar e plantar; mas detestava a vida que levava. Um dia fugiu.
O professor encontrou-o a caminho da casa...
Nas horas de lazer, ia à caça, com furão. Nunca conseguiu caçar. Certa vez o animal, entrou numa toca, e ao sair, vinha cego. Foi grande a tristeza. Fez-lhe uma caminha, junto à lareira, mas o bicho acabou por falecer, aconchegado no regaço.
O professor, pelo mínimo engano ou dificuldade, surrava-o desalmadamente. Tinha régua de madeira para esse fim. Batia-lhe nos nós dos dedos... Que barbaridade inquisitorial!...
Nessa recuada época, a aprendizagem era feita à força de pancada.
Ramalho, conta, nas Farpas, em 1876,que um rapaz, de 14 anos, foi tão mal tratado pelo director do colégio, que teve de ser socorrido no hospital. O sangue escorria-lhe debaixo das unhas!... Isso aconteceu na cidade do Porto.
No Colégio Central, em Gaia, nos anos vinte, do século passado, ainda se batia nos nós dos dedos, com régua de esquina! Já em plena República!
As férias eram passadas numa alegria pegada. O pior era o regresso. Aferrava-se ao corrimão da casa – moradia que ficava diante ao largo da feira, – a chorar. As lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, que tomava expressão temerosa.
Diziam-lhe: - " É preciso aprender!...", e ele respondia:
- " Eu quero ser burrinho!...Eu quer ser burrinho!..." – Num choro convulso.
Certo dia, ganhando coragem, escreveu à mãe, pedindo-lhe que o deixasse ir a festa que se realizava perto de casa.
Em resposta, mandaram-lhe, criadito – António Joaquim, – com o Garoto (cavalo). Pediram burrinha, muito mansa, para ele e o irmão.
Tão alegre ficou, que apegou-se ao cachaço do Garoto, e cobriu-o de repenicados beijos.
Após o professor ter dado por terminado o ensino, o pai, mandou-o continuar os estudos, com dois padres.
Se o professor de Travanca batia brutamente, os novos eram ainda piores.
Chegavam à crueldade de vendar-lhe os olhos, e obriga-lo a "ler", com os dedos, a gramática. Se não soubesse, era pancadaria brava.
Como tinha fraca memória, para decorar o livro, os professores, confessaram, ao pai, que Trindade Coelho, nunca seria doutor, porque tinha muita dificuldade em aprender…
Levantavam-se muito cedo. Trindade Coelho, possuía hortinha para cuidar e plantar; mas detestava a vida que levava. Um dia fugiu.
O professor encontrou-o a caminho da casa...
Nas horas de lazer, ia à caça, com furão. Nunca conseguiu caçar. Certa vez o animal, entrou numa toca, e ao sair, vinha cego. Foi grande a tristeza. Fez-lhe uma caminha, junto à lareira, mas o bicho acabou por falecer, aconchegado no regaço.
O professor, pelo mínimo engano ou dificuldade, surrava-o desalmadamente. Tinha régua de madeira para esse fim. Batia-lhe nos nós dos dedos... Que barbaridade inquisitorial!...
Nessa recuada época, a aprendizagem era feita à força de pancada.
Ramalho, conta, nas Farpas, em 1876,que um rapaz, de 14 anos, foi tão mal tratado pelo director do colégio, que teve de ser socorrido no hospital. O sangue escorria-lhe debaixo das unhas!... Isso aconteceu na cidade do Porto.
No Colégio Central, em Gaia, nos anos vinte, do século passado, ainda se batia nos nós dos dedos, com régua de esquina! Já em plena República!
As férias eram passadas numa alegria pegada. O pior era o regresso. Aferrava-se ao corrimão da casa – moradia que ficava diante ao largo da feira, – a chorar. As lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, que tomava expressão temerosa.
Diziam-lhe: - " É preciso aprender!...", e ele respondia:
- " Eu quero ser burrinho!...Eu quer ser burrinho!..." – Num choro convulso.
Certo dia, ganhando coragem, escreveu à mãe, pedindo-lhe que o deixasse ir a festa que se realizava perto de casa.
Em resposta, mandaram-lhe, criadito – António Joaquim, – com o Garoto (cavalo). Pediram burrinha, muito mansa, para ele e o irmão.
Tão alegre ficou, que apegou-se ao cachaço do Garoto, e cobriu-o de repenicados beijos.
Após o professor ter dado por terminado o ensino, o pai, mandou-o continuar os estudos, com dois padres.
Se o professor de Travanca batia brutamente, os novos eram ainda piores.
Chegavam à crueldade de vendar-lhe os olhos, e obriga-lo a "ler", com os dedos, a gramática. Se não soubesse, era pancadaria brava.
Como tinha fraca memória, para decorar o livro, os professores, confessaram, ao pai, que Trindade Coelho, nunca seria doutor, porque tinha muita dificuldade em aprender…
(Continua)
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
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