A afirmação é de Ana Alves, Enóloga e técnica da Comissão Vitivinícola de Trás-os-Montes, que atribui esse facto à instabilidade climatérica deste verão:
“As uvas estão muito boas mas há um atraso ao nível da maturação.
Tivemos um julho bastante frio e seco, um agosto com temperaturas que não foram muito certas, tanto tínhamos dias frios como muito quentes, o que provocou aqui um ligeiro atraso a nível da maturação, pelo que prevemos que a vindima seja um pouco mais prolongada e que o arranque oficial das vindimas seja um pouco mais à frente.
A chuva que tem vindo ultimamente, no início fez muito bem porque havia algumas vinhas, uvas e videiras, mais na zona da Terra Quente, já a entrar em algum stress hídrico, agora era importante que estabilizasse e viessem mais alguns dias de sol para uniformizar a maturação.”
Apesar disso, prevê-se uma boa campanha:
“O ano passado tivemos um grande problema que foram as maturações muito prolongadas que nos deram aqui um teor alcoólico com valores muito elevados.
Este ano não se verifica isso, nota-se que será um ano um pouco dento do normal do que são os teores de álcool da região, e o que se prevê são os aromas, a acidez, a frescura e todas aquelas características dos vinhos desta zona.
Há um aumento significativo da produção, comparativamente com o ano passado.
Se compararmos com um ano normal na região, estamos a prever um aumento de aproximadamente 5% e uma qualidade bastante boa.”
A nível de doenças da vinha, este ano também parece estar a ser favorável, no entanto, a enóloga destaca algum prejuízo com as tempestades de granizo:
“Normalmente, na região, temos o privilégio, por uma série de fatores, de não ser muito atacado por doenças.
Mas há sempre alguns focos, mais em uns anos do que nos outros.
O ano passado houve um pouco mais de incidência, principalmente de míldio, e este ano não houve praticamente nada.
Tivemos uma ligeira quebra na produção de alguns produtores, muito pontuais e circunscritas, devido ao granizo.”
A vinha é uma cultura em crescimento na região transmontana e Ana Alves constata um maior interesse por recuperar plantações antigas:
“Tem havido maior aposta por parte dos viticultores na plantação de vinha, e também um aspeto muito importante verificado que é a recuperação de vinhas velhas.
Na nossa região existem imensas vinhas velhas que, durante algum tempo, se têm vindo a perder.
Verifica-se uma mudança de mentalidade no sentido de dar valor e valorizar as uvas produzidas em vinhas velhas, potencia-as, e isso também se tem verificado na região.
Tem havido muita aposta na plantação de vinhas velhas.”
Algumas vindimas de castas brancas, mais precoces, já começaram em Trás-os-Montes. As restantes deverão começar em breve, num ano em que se regista algum atraso na maturação das uvas mas, ainda assim, é esperada uma boa produção.
Sem comentários:
Enviar um comentário