Albino Bento, investigador da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança e um dos responsáveis pela implementação do combate à vespa da galha do castanheiro na região, revelou ao Mensageiro que as quebras de produção atribuídas a este insecto verificadas noutros países, como Itália, não deverão acontecer em Portugal.
“Este foi o ano em que se fizeram mais largadas, sobretudo em Bragança, onde foram feitas mais de 250. Estava, previstas inicialmente 200. Este ano também houve a possibilidade de um ou outro particular também fazer a largada, mesmo não cumprindo a regra dos 500 metros de afastamento. Foram aplicadas cerca de 15 largadas assim e houve ainda cerca de 20 oferecidas pelo centro em diversas freguesias.
No distrito foram mais de 450. Vinhais começa a ter menos largadas. Macedo este ano subiu, foram feitas 75. Nos outros concelhos são pontuais. Três ou quatro em Vimioso, cinco em Mogadouro, uma em Vila Flor, três em Mirandela...
Numa ou noutra zona há impactos mas no global da região não acredito, até porque já temos zonas em recuperação. Já temos zonas onde os castanheiros já estão muito mais folheados do que em anos anterior e temos zonas em que a praga começa a regredir e isso foi o que nos possibilitou fazer já um conjunto grande de largadas de parasitóides obtidos Portugal e não recorrer a importação para a totalidade. Um terço das largadas já foram feitas por nós aqui em Bragança”, explicou ao Mensageiro.
Por isso, o investigador mostra-se confiante que os efeitos nefastos, que chegaram a reduzir a produção de Itália em 60 por cento, não serão sentidos com a mesma intensidade nesta região.
“No global da região não. E temos sempre que contar com uma coisa. Houve um crescimento muito grande da área de castanheiro que está agora a entrar em produção e que tem mitigado um bocadinho as perdas de produção devido à vespa. Se não, tinha sido pior.
Vamos ter áreas em recuperação, como acontece em Macedo, por exemplo, onde temos taxas de parasitismo muito elevadas. Em Vinhais e Bragança também.
Há áreas onde a vespa está a crescer muito mas há zonas onde ela começa a estar a regredir e no global não vamos atingir os números de Itália. É uma boa notícia para os agricultores”, sublinha.
Seca preocupa
No entanto, as condições atmosféricas registadas este ano, com muito menos chuva do que o normal e com dias de frio no final de maio, altura de floração dos castanheiros, está a criar outros problemas.
Sónia Geraldes, Grã-Mestrina da Confraria Ibérica da Castanha, revela que a meteorologia atípica levou a um adiantamento do ciclo vegetativo do castanheiro.
“Devido aos dias quentes, o ciclo vegetativo adiantou-se bastante ao que era normal. E este ciclo pode comprometer a formação da castanha”, explicou.
Para este problema, “não há nada a fazer”.
“Apenas estarmos alertas e atentos. Era bom que as entidades governamentais preconizassem algum apoio para os agricultores por eventuais perdas que possam vir a acontecer”, frisou.
Isto porque Sónia Geraldes lembra que “o castanheiro tem uma relevância ímpar para esta região mas também é completamente desprotegido de apoio para estas situações”.
“os agricultores podem fazer seguros mas gostaríamos que o Governo tivesse medidas específicas para os castanheiros para estas situações, até porque nos últimos anos tem havido fenómenos que comprometem a produtividade, e temos tido quebras de 70 a 80 por cento”, apontou.
Carla Alves, Diretora Regional de Agricultura e Pescas do Norte, admite que possa haver complicações com a produção deste ano.
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