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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Convento do século XIII servirá para despertar cultura em Bragança

Já foi convento, hospital militar e asilo. Agora, o Arquivo Distrital de Bragança, que tutela o equipamento, quer utilizar o Convento de São Francisco para dinamizar cultura local. O primeiro evento arranca esta quarta-feira.


Fundado no século XIII - diz a lenda que pelo próprio Francisco de Assis -, o Convento de São Francisco de Bragança já foi convento, hospital militar e asilo. Desde 1985, o convento, cujo conjunto é ainda composto por uma igreja e um adro recentemente leiloados pela ordem terceira franciscana, está sob a administração directa do Estado, que entregou o espaço ao Arquivo Distrital de Bragança.

Um ano depois, o convento foi classificado como Monumento de Interesse Público, mas o edifício “estava em muito más condições, com apenas uma ala funcional”, sinaliza Domingos Barreira, funcionário do arquivo. Em 1999, o Estado realizou obras e às infra-estruturas do convento acrescentaram-se um auditório, um bar, e salas de exposições. A finalidade da requalificação, além de lá se instalar o arquivo, era transformar o convento num novo pólo cultural da região. Mas, fruto do “pouco grau de autonomia e dos constrangimentos orçamentais, comuns a todos os sectores da cultura”, o usufruto do convento pela população tem sido parco, apesar de esporadicamente ocorrerem “exposições temáticas sobre o acervo do arquivo”.

Domingos Barreira, de 49 anos, passou a infância em Trás-os-Montes, mas seguiu para Lisboa, de onde regressou em 2011 para “fugir do frenesim” da capital e morar numa aldeia com 100 habitantes, em Macedo de Cavaleiros. Em 2017, convidaram-no para o Arquivo Distrital de Bragança e, dois anos depois, passou a presidir a associação Amigos do Arquivo Distrital de Bragança, composta por 25 associados, entre funcionários do arquivo, “por inerência”, e investigadores. A sua missão era clara: “pôr a extensão cultural do convento a funcionar, e oferecer algo mais à cidade”. A ideia era “acrescentar valor” à região, através do aproveitamento de um “espaço inigualável na cidade” com uma agenda cultural “alternativa”.

Em Bragança, a cultura “está muito pobrezinha”

Em 2019, a associação Amigos do Arquivo Distrital de Bragança tinha já previstas actividades culturais, de onde iriam brotar “sinergias existentes” entre a associação e outras da região, ligadas aos mais variados espectros, desde o teatro, à música, às artes plásticas. “Por um lado, queremos oferecer instalações que eles, de outra forma, não têm, e por outro, recebemos o conhecimento deles na produção de eventos”, explica Domingos. Mas a pandemia surgiu e não houve outra solução que não adiar o programa.

Agora os espaços culturais podem retomar a sua actividade e o convento prepara-se para receber, nesta quarta-feira, o seu primeiro evento. Trata-se de um ciclo de concertos programado pela Dedos Biónicos, associação que se dedica, há 15 anos, à organização de concertos de música alternativa na região transmontana. Até Outubro, o Convento de São Francisco vai receber os espectáculos de Eric Chenaux (21h30); Montes (10 de Agosto); Homem em Catarse (17 de Setembro); Ece Canli (1 de Outubro); e Vincent Moon (25 de Outubro). A entrada para os concertos custa cinco euros.

É um ciclo de “cantautores e projectos minimalistas e experimentais”, que “fogem à norma básica do mainstream”, diz Nuno Fernandes, presidente da Dedos Biónicos. Natural de Bragança, o responsável lamenta que a actividade cultural na cidade esteja circunscrita à programação do teatro municipal, que é “muito pobrezinha, sobretudo ao nível das culturas urbanas e alternativas”, numa ideia corroborada por Domingos Barreira. “Acho que os políticos investem pouco em cultura porque são um bocadinho burros… e ao público tem de se dar a provar vários gostos”.

O ciclo Claustrofonia – título que remete ao facto de os concertos decorrerem nos claustros do convento – tem, por isso, a intenção de ser “fora da caixa e adequado ao convento enquanto espaço histórico”, diz Nuno Fernandes. A adesão do público de Bragança, apesar de haver gente que “nutre curiosidade por novas tendências”, será “sempre uma incógnita”, mas espera-se que os concertos seduzam públicos de concelhos da região, e também da vizinha Espanha. “Quando trazemos artistas de algum renome, notamos que há gente que vem de Zamora, Puebla de Sanabria, Valladolid ou Salamanca”, assinala.

Apesar de o evento ser um primeiro teste ao usufruto cultural no convento e do financiamento para os concertos advir das receitas de bilheteira, é já certo que o ciclo regressa a partir de Março do próximo ano. Em Agosto, o Convento receberá ainda um ciclo de cinema polaco e, nos meses de Inverno, um ciclo multidisciplinar, com escultura e pintura, em parceria com o Atelier História e Arte.

Pedro Manuel Magalhães

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