Falecido a 13 de novembro de 1947, Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, é figura de renome nacional e alma do ser e do saber que distingue as gentes transmontanas. A sua biografia, que atravessa os regimes da Monarquia Constitucional, da Primeira República e do Estado Novo, sendo sucessivamente agraciado por aquilo que designava «chocalhos» (condecorações), releva uma tal grandiosidade que só não ultrapassa a personagem porque esta assenta na simplicidade e humildade própria dos sábios e na nobreza de carácter que timbra os grandes senhores.
Em Baçal, os tempos de juventude moldaram-lhe o carácter, absorveu os valores de comunidade e enrijeceu a têmpera de cidadão. Fez os estudos preparatórios no Liceu de Bragança e concluiu o curso de Teologia no seminário de São José. Ordenado padre em 7 de dezembro de 1889, exerceu em Mairos/Chaves até 1896, sendo transferido para a paróquia da sua aldeia, onde também deitou mãos ao trabalho das terras familiares e iniciou as suas excursões histórico-arqueológicas, fazendo de Baçal o seu «atelier». Foi vereador da Câmara Municipal de Bragança, mentor do Museu que assumiria o seu nome e organizador do Arquivo Distrital, sendo diretor de ambas as instituições, além de se lhe dever a concentração do espólio das paróquias em arquivo diocesano. Como historiador, arqueólogo e etnógrafo publicou centenas de artigos em jornais e revistas da época e dotou a cultura transmontana com as «Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança». Entre muitas outras, foi sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos, da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História. Fez também parte do Grupo de Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança que, entre outras atividades, se ocupou do restauro das muralhas do castelo, da recuperação da Domus Municipalis e da reposição do Cruzeiro na Praça da Sé, mandado construir pelos jesuítas em 1689 e demolido em 1875.
Reconhecido, os epítetos iam desde «o homem pré-histórico e sábio» (Miguel Torga), «liberto de vaidades e convenções próprias dos homens vulgares» (Jorge Dias), «estranha e singular figura de homem, de sábio, de filósofo e de sacerdote» (Leite de Vasconcelos), «a consideração que lhe tributam transborda do sábio para o homem» (Aquilino Ribeiro), «um dos estudiosos que mais contribuíram para a renovação do conhecimento sobre Portugal» (Eduardo Lourenço). O momento alto do reconhecimento público ocorreu em 9 de abril de 1935, aquando da sua jubilação aos 70 anos, a sua «canonização laica», como o próprio abade se lhe referiu. O Museu assume o seu nome e um busto em sua homenagem é inaugurado no jardim António José de Almeida, que se demite de apreciar.
Os diversos estudiosos do Abade e da sua vasta obra destacam a indelével marca identitária que deu ao Nordeste Transmontano, gravada na monumental e já referida obra, um trabalho de recolha e compilação documental que o absorveu desde 1909. São cerca de 6.500 páginas impressas, dispostas em onze volumes, que abrangem temas tão diversos como política, sociedade, economia, genealogia, religião, arqueologia, arte e etnologia respeitantes ao distrito de Bragança, desde a humanização e romanização do território brigantino, a presença proto cristã dos povos bárbaros, a fundação da Monarquia Portuguesa e as raízes brigantinas e todos os grandes momentos históricos que, ao longo de 900 anos, moldaram a identidade nacional. Sem esquecer os judeus, os notáveis e os fidalgos da terra. Motivou-o organizar e interpretar as memórias distritais, vincar a sua identidade histórica e recuperar as suas tradições sociais e religiosas.
Aquando da republicação das «Memórias Arqueológico-Históricas», em 2000, o diretor do Museu do Abade de Baçal, João Jacob, escreveu que era «o pai da nação transmontana que nasce». O Abade de Baçal, é alma cultural da sua terra, um investigador memorialista da nossa história comum e um contador de estórias de fino recorte, predicados que, aliados à sua singela personalidade, fazem dele a personificação do transmontano.
Em Baçal, os tempos de juventude moldaram-lhe o carácter, absorveu os valores de comunidade e enrijeceu a têmpera de cidadão. Fez os estudos preparatórios no Liceu de Bragança e concluiu o curso de Teologia no seminário de São José. Ordenado padre em 7 de dezembro de 1889, exerceu em Mairos/Chaves até 1896, sendo transferido para a paróquia da sua aldeia, onde também deitou mãos ao trabalho das terras familiares e iniciou as suas excursões histórico-arqueológicas, fazendo de Baçal o seu «atelier». Foi vereador da Câmara Municipal de Bragança, mentor do Museu que assumiria o seu nome e organizador do Arquivo Distrital, sendo diretor de ambas as instituições, além de se lhe dever a concentração do espólio das paróquias em arquivo diocesano. Como historiador, arqueólogo e etnógrafo publicou centenas de artigos em jornais e revistas da época e dotou a cultura transmontana com as «Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança». Entre muitas outras, foi sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos, da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História. Fez também parte do Grupo de Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança que, entre outras atividades, se ocupou do restauro das muralhas do castelo, da recuperação da Domus Municipalis e da reposição do Cruzeiro na Praça da Sé, mandado construir pelos jesuítas em 1689 e demolido em 1875.
Reconhecido, os epítetos iam desde «o homem pré-histórico e sábio» (Miguel Torga), «liberto de vaidades e convenções próprias dos homens vulgares» (Jorge Dias), «estranha e singular figura de homem, de sábio, de filósofo e de sacerdote» (Leite de Vasconcelos), «a consideração que lhe tributam transborda do sábio para o homem» (Aquilino Ribeiro), «um dos estudiosos que mais contribuíram para a renovação do conhecimento sobre Portugal» (Eduardo Lourenço). O momento alto do reconhecimento público ocorreu em 9 de abril de 1935, aquando da sua jubilação aos 70 anos, a sua «canonização laica», como o próprio abade se lhe referiu. O Museu assume o seu nome e um busto em sua homenagem é inaugurado no jardim António José de Almeida, que se demite de apreciar.
Os diversos estudiosos do Abade e da sua vasta obra destacam a indelével marca identitária que deu ao Nordeste Transmontano, gravada na monumental e já referida obra, um trabalho de recolha e compilação documental que o absorveu desde 1909. São cerca de 6.500 páginas impressas, dispostas em onze volumes, que abrangem temas tão diversos como política, sociedade, economia, genealogia, religião, arqueologia, arte e etnologia respeitantes ao distrito de Bragança, desde a humanização e romanização do território brigantino, a presença proto cristã dos povos bárbaros, a fundação da Monarquia Portuguesa e as raízes brigantinas e todos os grandes momentos históricos que, ao longo de 900 anos, moldaram a identidade nacional. Sem esquecer os judeus, os notáveis e os fidalgos da terra. Motivou-o organizar e interpretar as memórias distritais, vincar a sua identidade histórica e recuperar as suas tradições sociais e religiosas.
Aquando da republicação das «Memórias Arqueológico-Históricas», em 2000, o diretor do Museu do Abade de Baçal, João Jacob, escreveu que era «o pai da nação transmontana que nasce». O Abade de Baçal, é alma cultural da sua terra, um investigador memorialista da nossa história comum e um contador de estórias de fino recorte, predicados que, aliados à sua singela personalidade, fazem dele a personificação do transmontano.
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