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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Migrantes apoiados pela Cruz Vermelha de Bragança querem continuar a renovar esperança na cidade

 A luta pela tranquilidade e segurança, às vezes, não é simples. Que o diga quem tem que deixar tudo para trás, procurando cenários que não sejam de guerra. Por isso, a delegação de Bragança da Cruz Vermelha tem apoiado vários migrantes a renovar a esperança na capital de distrito


Moahmed tem 28 anos e nasceu na Síria. Chegou a Bragança há perto de um ano e meio, através da delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa. Este programa de apoio que o trouxe para cá permitiu-lhe ter casa, ser integrado, aprender a língua, entre muitas outras necessidades que se foram impondo. O apoio termina em Dezembro e, apesar de ver na Cruz Vermelha uma família, terá que agora que fazer o seu próprio caminho...

Moahmed assume que já não quer deixar Bragança, até porque acaba de abrir actividade, com o irmão, com o qual veio para a cidade. Com alguma experiência em todo o tipo de reparações, estão disponíveis para trabalhar todos os dias. "Fazemos qualquer trabalho. Isso não é importante. Agora abrimos actividade para trabalhar e fazemos qualquer coisa, em termos de água, luz, etc. Temos experiência", explicou. Questionado sobre se têm trabalhado muito, admitiu que o trabalho, para já, corre "mais ou menos" e salientou que estão disponíveis a qualquer hora do dia, todos os dias.

E foi também em conjunto que este ano os irmãos começaram a estudar. Frequentam o Instituto Politécnico de Bragança e querem formar-se em Cibersegurança. "As pessoas são muito simpáticas no IPB mas é díficil estudar porque falar na rua e na escola é diferente. Mas, se Deus quiser, vai correr bem".

Zacarias tem 30 anos. Agora, que o caminho é mais certo, que tem trabalho e fala a língua, sair de Bragança não é opção. "Agradeço a Deus termos vindo para aqui. Estamos aqui muito bem. As pessoas são muito simpáticas e na Cruz Vermelha temos uma família. Queremos ficar para sempre aqui. A cidade é igual à nossa na Síria e o tempo também é igual. Temos vizinhos que, por exemplo, se não nos veem dois ou três dias, vão a casa perguntar onde estivemos, se está tudo bem e se precisamos de alguma coisa".

Apesar de Bragança ser a melhor opção para viver, na Síria ficou a família... "Ficou a minha mãe, o pai, duas irmãos e três irmãos. Já não os vemos há cerca de dez anos. Eles querem vir para cá mas é complicado. Depois, se trabalharmos aqui bem e se tivermos dinheiro, vamos tentar trazê-los para aqui".

Ahmad é outros dos refugiados apoiados pela Cruz Vermelha. Tem apenas 23 anos. Há sete anos deixou a Síria, onde nasceu, e foi trabalhar para o Egipto até que chegou a Bragança há um ano e meio. Uma cidade que gosta e onde já tem amigos, mas a família ficou para trás. "Em Portugal há futuro e trabalho. Gosto muito das pessoas aqui, elas ajudam-me. A cidade é pequenina, não há muitas pessoas e é barata", referiu, dizendo que foi complicado deixar a família e que vai com ela falando "todos os dias" por telefone.

Já trabalhou num lar do concelho de Bragança, mas agora está a fazer o que mais gosta: polir e pintar carros. "Gosto mais de trabalhar nos carros, porque eu já trabalhei no Egipto durante três ou quatro anos a polir", lembrou, salientando que agora que está neste emprego está “tudo bem”.

Paulo Vilela é responsável pela empresa Auto Sabor, onde Ahmad está agora a trabalhar. Foi contactado pela Cruz Vermelha de Bragança para que lhe pudesse dar emprego e não hesitou. "Como estamos sempre a precisar de mão-de-obra achámos logo boa ideia, pedimos para vir falar connosco, conhecer a pessoa e fazer o primeiro contacto e decidimos que ele ficasse na nossa estrutura, para que começasse a fazer a vida dela também aqui".

Foi a primeira vez que deu trabalho a um refugiado e está disposto a abrir portas a mais. "Todos os que apareçam, que queiram trabalhar e que a gente precise, para mim não tem obstáculo nenhum que seja refugiado. Acho que esta gente precisa de se integrar".

Ahamad está a morar com Moahmed e Zacarias na Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado em Bragança.

O testemunho de três refugiados que estão em Bragança, há quase um ano e meio, com o apoio da delegação local da Cruz Vermelha.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves e Ângela Pais

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