As gentes transmontanas, tem na sua génese uma íntima religiosidade profunda, contudo as fronteiras morais que lhes eram impostas pelas autoridades eclesiásticas e as proibições do clero na permanência e na modificação dos hábitos e tradições lúdicas no Nordeste Transmontano, são um facto que o documento do ano de 1754, desvela e obriga a uma reflexão em torno do poder punitivo da Igreja para com a conduta das pessoas: Proibição jogo dos paus; ver jogar; conversações e outros divertimentos à porta da Igreja; desordens nas tabernas; não se juntem homens com mulheres a jogar. A constituição sinodal, pela qual a diocese se regia, a imagem e o porte do clero, tinham um conjunto de metodologias punitivas, de forma a controlar os costumes e a incutir uma Moral normativa à luz da Igreja. Assim, existe um rol de atividades lúdicas que eram prazenteiras no convívio, no processo de socialização, sobretudo no Inverno, devido à de ausência de atividades laborais, onde as proibições e punições eram uma realidade constante: “…para se encomendarem a Deus e a todos os que jogarem ou acudirem a ver jogar em semelhante sitio os havemos por condenados pela 1ª vez em um tostão cada um e pela segunda em dois cuja a condenação lhe intimara logo o reverendo pároco, e sendo rebeldes a pagar os evitara dos divinos ofícios e se continuarem na rebeldia procedera contra eles com pena de excomunhão…. “Eis que podemos afirmar, a interligação existente entre Igreja, Moral e Educação na comunidade; a relação entre o sagrado e profano, o real e irreal, a necessidade de catarse como processo de regeneração das limitações colocadas pelo poder clerical
O povo transmontano é cioso da força da liberdade, e nos momentos festivos declara essas práticas culturais onde o sagrado e profano tem a sua existência ténue, que gradualmente, no tempo e espaço histórico, vieram a conquistar o seu universo próprio com a aquisição de Liberdade.
Confortados com a nossa contemporaneidade, e as circunstâncias do “eu” , só podemos nomear a premissa infalível: Liberdade com responsabilidade. Liberdade perante mim, pelos outros, pelo mundo, numa relação de unicidade transcendente.
O sentido pleno da Vida, que os trilhos da história nos ensina…
“Todos somos pecadores. Mas que o Senhor não nos deixe ser hipócritas. Os hipócritas não conhecem o significado do perdão, a alegria e o amor de Deus”.
Papa Francisco
Fonte: Arquivo Distrital de Bragança
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