A Sofrinor é uma empresa de climatização em Bragança. Devido à falta de funcionários, os clientes têm que esperar quase um mês por uma instalação. Neste momento encontrar algum técnico na área, é um achado. Para o proprietário, João Machado, os jovens não estão interessados em trabalhar e preferem os subsídios. "Eu acho que cada vez há menos gente para trabalhar e que as pessoas estão a ser educadas para não trabalhar. “Eu procuro no centro de emprego, às vezes faço publicações, já nem peço técnicos, já só peço pessoas com alguns conhecimentos, tem aparecido algum pessoal de vez em quando, mas nem sequer tem conhecimentos e muitos não vêm educados para trabalhar. Tenho o exemplo de um rapaz que entrevistei há um mês e meio e ele mesmo me disse que vinha trabalhar, mas que não precisava, porque tinha direito ao desemprego. Portanto, os jovens estão a ser educados para ir buscar ajudas, em vez de se colocarem no mercado de trabalho".
Outro dos sectores mais afectados é a construção civil. Arranjar um carpinteiro ou um picheleiro em Bragança não parece ser tarefa fácil. Pelo menos não é para Pedro Nogueiro, da Abel Luís Nogueiro & Irmãos. O empresário acha mesmo que há obras do PRR que não vão ser executadas. "“Não temos grandes alternativas de recrutar mão-de-obra porque ela não existe. Também não há formação. Trabalho existe e há muito trabalho para fazer. Temos aí o PRR para executar mas há muitas obras que não vamos conseguir executar".
Na restauração o cenário não é diferente. Tiago Alves, proprietário dos restaurantes Pasta Café e Iguarias da Veiga e ainda da distribuidora Comer em Casa, admite que tem sido muito difícil encontrar quem queira trabalhar na área, mesmo com uma boa remuneração. Se houvesse cursos na região ligados ao sector, acredita que este problema poderia ser minimizado. "Os que querem mesmo ser profissionais vão ter trabalho sempre e vão ser muito mais bem remunerados do que aquilo que se pensa, ou daquilo que era comum quando havia muito oferta há 10 ou 20 anos".
São também poucos os que se dedicam à actividade agrícola. Para o presidente da Associação Distrital de Agricultores, José Pegado, as pessoas preferem ficar em casa e receber subsídios. "Só vai para a agricultura quem goste muito ou quem não consiga fazer mais nada mas depois optam por apoios sociais, sendo que não é preciso fazer nada. A gente prefere ir para o desemprego porque ganha e não faz nada".
Em Novembro de 2021, estavam inscritos no Centro de Emprego quase 3900 pessoas do distrito, certa de mais 100 do que no mesmo período homólogo em 2020.
Os anos vão passando e a falta de pessoas para trabalhar em determinados sectores, como a restauração, construção civil, instalações e agricultura, vai sendo cada vez maior.
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