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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 17 de março de 2023

DEIXEM OS JOVENS ESCOLHEREM A PROFISSÃO

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Estava mergulhado em fofa poltrona cor de palha, assistindo a movimentada novela, daquelas que são produzidas para inculcarem nefastas ideologias e fomentar a malfadada Nova-Moral, quando assaltou-me um sono imperioso.
Enfastiado, peguei na " Vida de Frei Bartolomeu dos Mártires" de Frei Luís de Sousa, livro que repousava esquecido sobre o regaço, para possível releitura.
Abri-o ao acaso, folheei-o, e deparo com a seguinte texto, que despertou a indolência preguiceira:
" Dura jurisdição, por não dizer tirania, exercita hoje muitos pais, sobre as condições e natureza dos filhos. Em nascendo, já fazem a um clérigo, a outro frade, a outro soldado; de espreitar a inclinação e jeito que cada um tem para as cousas, não há tratar. Assim fica mal letrado o que fora bom sapateiro, e não é bom soldado o que fora um religioso - Lº1, Cap:II."
Esse parecer faz-me recordar, senhora, que visitava a casa de meu pai, que tendo dois filhos, logo lhes talhou o destino – um seria doutor; outro, padre.
Se o médico foi excelente clínico, o padre, não digo que fosse mau sacerdote, mas ordenou-se sem vocação. Duvido que fosse feliz.
Ouço, por vezes, mães asseverarem rijamente: " Quero que meu filho seja o que eu nunca fui!" Como se o filho não tenha o direito incontestável de escolher livremente a vocação e o destino.
Conheci, também, no Porto, costureirinha que casou com pequeno industrial. Eram pais de garotinha esperta e inteligente.
Certo dia alguém recomendou-lhe que, durante as férias escolares, colocasse a menina a trabalhar na empresa, para melhor conhecer a fábrica, que um dia seria sua.
Abespinhou-se indignada, declarando quase irada: " Minha filha não tem necessidade de trabalhar. Será doutora!"
Cai bem aqui, igualmente, o que escutei quando era rapazote, a senhora de fartos bens: que a filha havia de casar com um médico, porque dinheiro já o tinha, faltava-lhe ter médico na família!...
No tempo que correm, frequentam a Universidade muitos jovens, porque seus pais exercem a tirania (para usar o termo de Frei Luís de Sousa,) para saciarem o prazer de terem filho doutor.
Aconselhem a criança, mostrem-lhe a vantagem de prosseguirem nos estudos, mas deixem-na escolher livremente a profissão. Caso contrário, teremos médicos que seriam excelentes advogados e professores que seriam ótimos agrónomos.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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