terça-feira, 25 de abril de 2023

Adeus, companheira

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

À minha porta havia uma árvore frondosa. As rolas chegavam e maternalmente faziam o ninho… os filhos cresciam… e depois ganhavam asas e iam à sua vida.  À sua sombra descansei durante tantos anos que lhe perdi a conta…
… adeus, companheira!
Ontem… e era abril…  à hora da sesta foste abatida… não sei por que razões… não sei… eu penso mais com o coração do que com a razão…
… estou de luto… como se tivesse morrido uma amiga… como se tivesse morrido uma companheira de tantos anos…
… as árvores, as plantas, os animais fazem parte de nós… do nosso universo… fazem parte das nossas memórias… também são o nosso património coletivo. 
… perdi-me… perdi o teu cheiro primaveril… na dádiva imaterial da janela aberta… fazes-me falta companheira… e as rolas não vão regressar no tempo certo e perderam a asa…perderam a casa… e o pintassilgo silenciou o canto da madrugada.
--- aqui fica este requiem… doloroso… em memória duma perda sem retorno.
… adeus, companheira!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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