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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Luís Portugal: ex-concorrente do “Masterchef” abriu a primeira pregaria de Bragança

 Voltou à terra onde cresceu para recriar os sabores "do antigamente". Ali pode comer "um belo bife raspado de vitela mirandesa".


Quem me viu nascer, vê-me crescer. Recordo a minha tia a assar sardinhas no braseiro e a usar a mesma grelha para assar a carne de reco. Quando eu ou um dos meus primos ficávamos doentes, a tia Julieta fatiava-nos os bifes muito fininhos para conseguirmos comer”. Luís Portugal cresceu à volta dos tachos, com as tias. Os sabores e as memórias que guarda desses tempos de menino são, hoje, a sua principal inspiração.

Abriu a Pregaria do Tuga a meados de março, no bairro histórico dos Batocos, em Bragança. Ali, mesmo em frente à Praça Camões e ao antigo mercado municipal, promete combinar simplicidade e criatividade. O Tuga, apelido pelo qual é conhecido Luís Portugal, quer surpreender.

A alcunha do chef é capaz de lhe dizer qualquer coisa. Em 2014, Luís Portugal participou na segunda edição do “Master Chef” e conquistou o segundo lugar. Desde então, e já com 40 anos, é que começou a dedicar-se à arte da cozinha. “Foi o empurrão que precisava para decidir a minha vida”, confessa à NiT.

Mais tarde, em 2018, o cozinheiro regressou à cozinha dos estúdios da TVI e ganhou o “MasterChef Especial Natal”, onde formou equipa com Pedro Jorge. Nessa altura, já tinha a Tasca do Zé Tuga, um espaço de alta cozinha situado no Castelo de Bragança que tem somado distinções, nomeadamente do Guia Michelin. Há três anos consecutivos que lhe atribui o selo Bib Gourmand (pela relação qualidade preço). Ao longo do tempo, a sua cozinha tem vindo a demonstrar uma vertente autoral, com influências óbvias de Trás-os-Montes.

“Todos gostamos de voltar ao sítio onde fomos felizes. Regresso ao bairro dos Batocos e recordo os meus tempos de miúdo. Lembro-me da minha tia Julieta a dar-nos um pão para comermos, quando dizia que não havia tempo para cozinhar. São memórias que ficam e que tinha muita vontade de as recriar. Aqui brinquei, joguei à bola — entrávamos na casa uns dos outros. Os vizinhos eram quase família e havia um amparo especial entre todos”, conta o chef sobre a escolha da localização do novo projeto.

“Com seis, sete anos já queria andar em redor das vacas, a ver os produtos todos e a cozinhar”, recorda. Contudo, os pais não queriam que fosse cozinheiro, frisa Luís. “O meu pai sempre quis que fosse engenheiro ou doutor, mas nunca me conformei com os desejos dele.” A inauguração da Pregaria do Tuga é prova disso mesmo.

A tia Julieta, como não podia deixar de ser, é uma das figuras onde se inspirou para criar o restaurante. A primeira pregaria da cidade de Bragança nasceu precisamente onde em tempos funcionava o Talho Cachimbo. Era ali que a tia comprava a carne e ouvia as histórias que acompanhavam cada refeição. Agora, o chef garante que a vitela mirandesa, raça autóctone e certificada, que lá serve tem “o máximo sabor”.

Para preparar a abertura, segundo conta à NiT, não foram precisos grandes trabalhos. Afinal, “à mesa, em conversa com o proprietário”, Luís percebeu que tudo estava pronto. “Bastou aproveitar a oportunidade”, acrescenta a rir-se. A água, a eletricidade e o gás chegaram depressa — e quatro dias depois de fechar o negócio, a 17 de março, a Pregaria do Tuga abriu portas. Uma semana depois, já estava tudo a funcionar a 100 por cento.

Entre ferramentas e utensílios de trabalho, que eram usados “maioritariamente no mercado do bairro dos Batocos”, o chef vai servir pregos no pão, com “um belo bife raspado de vitela mirandesa” (desde 5€). Há também bolinhos de bacalhau (4,50€, três unidades), tremoços e azeitonas, cachorros com salsicha fresca (8€) e três tipos de batatas (3€). Tudo por “um bom preço”. O pão, esse, será sempre artesanal, com o sabor de outros tempos.

Quando consultar a carta, procure a secção Lataria, dedicada às conservas nacionais. Ali encontrará sardinhas, petinga ou mexilhão em lata (5€ cada), “que tantas vezes serviam de refeição quando não havia tempo para cozinhar”, recorda.

A seguir, carregue na galeria para ficar a conhecer melhor a Pregaria do Tuga, o novo restaurante em Bragança, onde Luís Portugal replica os sabores e as memórias do antigamente.


Texto: Rita Caeiro

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