Tem tudo a ver com uma questão de mentalidade. Dou um exemplo, abrimos um concurso para admissão de quatro vagas para o curso de instrutores. Enviaram-nos o cv mais de dezena e meia de candidatos mas só vieram sete a fazer os testes. Acabámos por ter de fazer um segundo concurso, de âmbito internacional, para ir buscar gente de fora.
Hoje em dia quer-se tudo muito fácil. É importante as pessoas, os pais, olharem para dentro e perceber o que se está a fazer às novas gerações em termos de facilitismo, em que as pessoas não querem ser sujeitas a uma avaliação, a dificuldade, a um comprometimento sério com algo que até lhes vai dar mais valias no futuro, em termos de trabalho.
O setor da aviação está, de facto, com dificuldades em arranjar gente com a qualidade que é necessária para trabalhar”, sublinhou João Roque Santos, da LusoFly Academy, empresa de instrução de voo sediada em Bragança.
O empresário participou numa mesa redonda, juntamente com Luís Rio, da Reconco, e Pedro Santos, da Factory Play, em que a dificuldade em encontrar “mão e obra qualificada e comprometida” foi um dos pontos centrais.
Também a digitalização crescente da economia surge como um dos maiores desafios atuais para empresas e trabalhadores.
“O desafio é esta mudança em termos de automação e aceleração da economia que está a acontecer. Do lado das empresas, aquilo que se pode oferecer é, acima de tudo, olhar para nós, prepararmo-nos cada vez melhor e especializarmo-nos cada vez mais de forma a que possamos dar melhores condições de trabalho às pessoas e perceber que os trabalhadores são o ativo mais importante que temos nas empresas. Não são um custo mas um ativo.
Temos de fazer esse caminho para que seja possível todos nós, desde início, com políticas públicas de qualidade, nomeadamente a política fiscal, que é importante”, referiu Alexandre Meireles, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários.
Nuno Ribeiro, diretor da ESTIG, sublinhou que também as escolas têm algumas dificuldades em lidar com a rapidez com que a tecnologia evolui hoje em dia.
“A adaptação às novas tecnologias é um desafio para o qual não sei sequer se estamos preparados. O IPB tem, com a diversidade de formações, por um lado, e com a flexibilização das formações que tem, por outro, tentado fazer com que os alunos adquiram competências que vão de encontro a profissões que ainda hoje nem sequer conhecemos e a desafios que ainda nem sabemos quais são.
Mas o próprio sistema do ensino superior em Portugal faz com que tenhamos algumas dificuldades em dar outros passos. Isto porque, como dizia o Professor Marques de Almeida a requalificação dos professores que temos também é difícil e sem políticas públicas não conseguiremos fazê-lo”, sublinhou.
José Carlos Lopes, da organização do evento, fez “um balanço muito positivo”.
“Quando falamos de empreendedorismo, é sempre positivo para a região. Temos de criar e incentivar os alunos nesta área do empreendedorismo e haver aqui uma capacitação de atividades empreendedoras”, destacou o docente do IPB.
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