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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 4 de março de 2025

Cecília Reis Rosa veste fato dos «caretos»

 Desde 1968, Cecília Reis Rosa veste o traje de careto de Podence, numa tradição habitualmente atribuída aos homens mas que esta professora aposentada não deixa esquecer.


“A primeira vez que eu vesti o fato foi porque eu fui maltratada por um careto. Deixou-me as nádegas todas negras, apalpou-me. Na minha família não havia fatos de careto – a minha mãe dizia que eram a incarnação do diabo, mas o meu pai mandou-me vestir de careto para me defender”, conta Cecília Reis Rosa programa ECCLESIA.

Professora de ensino especial aposentada, recorda como “antigamente” os homens “eram loucos” e faziam de tudo para “chegar à dama amada”.

“Desde há muito tempo, é-lhes tudo permitido. Antigamente andavam pelos telhados, partiam portas, andavam aos pulos, ficavam cansados e iam para as adegas beber ou roubar chouriças, galos e galinhas para fazer tainadas, partiam tudo, mas era para chegarem à dama amada”, explica.

A tradição dos Caretos de Podence foi reconhecida em 2019 como Património Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, e à aldeia de Trás-os-Montes chegam por estes dias cerca de 65 mil visitantes que reconfiguram um local habitado por 200 pessoas.

Egas Soares veste o traje de careto há cerca de 30 anos, atualmente um dos mais velhos do grupo que continua a tradição, e junta, na sua famílias diferentes gerações, uma vez que já se faz acompanhar pelo neto vestido de careço, com três anos.

“Vestir o fato é uma sensação muito linda, porque é uma adrenalina que uma pessoa sente. Só o estar a preparar o saco, estar a preparar as calças, as botas e os chocalhos, as campainhas, uma pessoa parece que esquece de tudo o que se passa à nossa volta. E depois é a força de vontade, porque há uma força suplementar que nos aparece e que conseguimos fazer-lhe ultrapassar tudo e mais alguma coisa”, explica.

A deslocação a Podence, localidade de Macedo de Cavaleiro, na diocese de Bragança-Miranda, conduz as pessoas que procuram “conhecer as tradições” e o “Carnaval genuíno de Portugal”.

Cecília Rosa Reis lamenta uma população envelhecida na aldeia e explica que hoje são os imigrantes que levam a tradição dos caretos além fronteiras.

Egas Soares aponta, em entrevista ao programa ECCLESIA (RTP2), a importância do reconhecimento mundial após a indicação da UNESCO, em 2019, facto que tem levado o grupo de caretos a viajar para dar a conhecer a tradição.


A Associação Grupo de Caretos de Podence desenvolve projetos culturais e educacionais para manter junto das novas gerações a tradição dos caretos.

O fato, feito de lã e com as cores da bandeira portuguesa – vermelho, verde e amarelo – é feito num tear e, explica Cecília, “um metro demora hora e meia a fazer”.

Cristiano enverga um fato, cuja manta veio dos seus bisavós.

“A manta foi-me oferecida pela minha avó, veio dos meus bisavós. Mas eu não tinha idade ainda para usar. São mais crescido é que fiz o fato para continuar a servir e não estragar, antes alugava. Para mim é uma honra usar um fato que está na minha família há muitos anos”, conta.

O fato fica completo com os chocalhos que “antigamente andavam no pescoço das vacas, do gado, das vacas”.

“Os chocalhos e as correias estavam relacionadas com o poder económico do lavrador. Quanto mais campainhas o careto trouxesse e mais chocalhos, mais rico era o pai, o avô e o tio”, explica Cecília.

A Associação Grupo dos Caretos de Podence inaugurou a 3 de março, um mural de homenagem ao Papa Francisco, em que aparece ladeado de dois caretos, num agradecimento pela audiência que o grupo teve em janeiro, no Vaticano, ocasião em que ofereçam “uma casaca de honra dos caretos”.

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